Com o tema ?Um olhar negro ? de olho na Cultura?, o Colégio Santa Teresinha realizará uma série de eventos em comemoração à Semana da Consciência Negra.
A partir de quarta-feira (16) até sexta-feira (18), alunos e profissionais do colégio vão entrar no clima de debate acerca da cultura negra e, a partir disso, refletir sobre a importância da cultura e das manifestações artísticas dessa raça dentro da construção da sociedade brasileira.
É na escola onde os valores sociais e morais são construídos e fortificados, por isso, a necessidade de debater e analisar a realidade sócio-cultural do Brasil, evitando a perpetuação da discriminação racial, de acordo com a direção da escola.
Os profissionais do colégio convidam à comunidade para participar desse debate. Confira abaixo o cronograma de atividades:
Dia 16 ? 7h: abertura oficial no Salão Nobre do Colégio Santa Teresinha
9h30 às 10h: Cantinho Quilombola, Espaço para Música e Sala Ambiente ? documentário)
Dia 17 ? 9h30 às 10h: Cantinho Quilombola: Percussão – alunos da Escola Célia de Melo Eufrásio e Sala ambiente ? documentário.
Dia 18 ? 9h30 às 10h: Cantinho Quilombola: apresentação de capoeira e Sala ambiente ? documentário.
Herança cultural
A contribuição cultural de escravos-negros é enorme. Na religião, música, dança, alimentação, língua, temos a influência negra, apesar da repressão que sofreram as suas manifestações culturais mais cotidianas.
Influência religiosa
No campo religioso, a contribuição negra é inestimável, principalmente porque os africanos, ao invés de se isolarem, aprenderam a conviver com outros setores da sociedade.
Favoreceu esta convivência, a mentalidade comum a ambos os grupos étnicos – brancos e negros -, de que a prática religiosa estava voltada para a satisfação de algum desejo material ou ideal. As promessas a santos, pagas com o sacrifício da missa, apresentavam semelhanças com os pedidos feitos aos deuses e espíritos africanos em troca de oferendas de diversos tipos.
Mas, nos primeiros séculos de sua existência no Brasil, os africanos não tiveram liberdade para praticar os seus cultos religiosos. No período colonial, a religião negra era vista como arte do Diabo; no Brasil-Império, como desordem pública e atentado contra a civilização.
Assim, autoridades coloniais, imperiais e provinciais, senhores, padres e policiais se dividiram entre tolerar e reprimir a prática de seus cultos religiosos.
A tolerância com os batuques religiosos, entretanto, devia-se à conveniência política: era mantida mais como um antídoto à ameaça que a sua proibição representava, do que por aceitação das diferenças culturais.
Outras manifestações culturais negras também foram alvo da repressão. Estão neste caso o samba, revira, capoeira, entrudo e lundú negros.
O racismo
Na sociedade brasileira do século XIX, havia um ambiente favorável ao preconceito racial, dificultando enormemente a integração do negro. De fato, no Brasil republicano predominava o ideal de uma sociedade civilizada, que tinha como modelo a cultura européia, onde não havia a participação senão da raça branca. Este ideal, portanto, contribuía para a existência de um sentimento contrário aos negros, pardos, mestiços ou crioulos, sentimento este que se manifestava de várias formas: pela repressão às suas atividades culturais, pela restrição de acesso a certas profissões, as profissões de branco (profissionais liberais, por exemplo), também pela restrição de acesso a logradouros públicos, à moradia em áreas de brancos, à participação política, e muitas outras formas de rejeição ao negro.
Contra o preconceito e em defesa dos direitos civis e políticos da população afrobrasileira surgiram jornais, como A Voz da Raça, O Clarim da Alvorada; clubes sociais negros e, em especial, a Frente Negra Brasileira, que tendo sido criada em 1931, foi fechada em 1937 pelo Estado Novo.
O samba e a capoeira
Durante o período da revolução de 30, os próprios núcleos de cultura negra se movimentaram para ganhar espaço. A criação das escolas de samba no final dos anos vinte já representara um passo importante nessa direção. Elas, que durante a República Velha foram sistematicamente afastadas de participação do desfile oficial do carnaval carioca, dominado pelas grandes sociedades carnavalescas, terminaram sendo plenamente aceitas posteriormente.
No rastro do samba, a capoeira e as religiões afrobrasileiras também ganharam terreno. Antes considerada atividade de marginais, a capoeira seria alçada a autêntico esporte nacional, para o que muito contribuiu a atuação do baiano Mestre Bimba, criador da chamada capoeira regional. Tal como os sambistas alojaram o samba em escolas, Bimba abrigaria a capoeira em academias, que aos poucos passaram a ser freqüentadas pelos filhos da classe média baiana, inclusive muitos estudantes universitários.

Fonte: www.ibge.com.br

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