As mais básicas das despesas de uma família, água e luz, já estão sendo deixadas em segundo plano pela população brasileira, por causa das altas tarifas cobradas este ano pelas concessionárias.

 O calote nas contas de energia elétrica em maio aumentou 13,94% em número de pessoas em comparação com igual período do ano passado, enquanto a inadimplência média do consumidor avançou 6,7% no mesmo período e foi a maior marca desde dezembro de 2012.

Na conta de água, a inadimplência cresceu 10,43% no período, com destaque para o Sudeste, com 16,03%, como mostra levantamento feio pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).

No Estado, a Cemig informou que registrou um crescimento do índice de inadimplência de 8% em maio em relação a abril, que pode ser atribuído aos aumentos de custos das empresas do setor elétrico e da bandeira tarifária.

Em maio, os consumidores receberam a ‘conta cheia’, já com os reajustes integrais da bandeira vermelha, do aumento extraordinário e do anual. E foi exatamente no referido mês que o analista contábil André Felipe Neres de Carvalho, 24, viu sua conta de luz saltar de R$ 115 para R$ 180. “Com o orçamento apertado, tive de optar entre as contas. Foi então que escolhi pelo pagamento da fatura do cartão de crédito, porque o atraso implica em juros muito maiores”, informou.

Ele disse que está com um mês de atraso no pagamento da luz e que seguirá assim até o final do ano. “Pagarei só em julho a fatura de maio. E pretendo esticar o atraso até receber o décimo terceiro salário em dezembro para entrar no ano que vem zerado”, definiu.

 Nos bancos, alta foi de 10,1% 

O aumento da inflação em geral pesou no bolso dos consumidores. Em 12 meses, até junho, o IPCA-15 acumula uma alta de 8,80%. “Vemos a inadimplência crescendo também nos bancos”, afirmou a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti. A inadimplência bancária, puxada principalmente pelo cartão de crédito e pelo cheque especial, aumentou 10,1% em maio ante o mesmo mês de 2014 e representou quase a metade das pendências. O movimento também foi observado nos dados do Banco Central.

O assessor econômico da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, Vítor França, ressalta que houve nos últimos meses um aumento do calote nas linhas de crédito emergenciais – isto é cartão de crédito e cheque especial –, enquanto a inadimplência em geral da pessoa física ficou estabilizada, em torno de 5,3% em maio deste ano, o último dado disponível.

O número de empresas com dívidas em atraso também cresceu em maio 8,33% em relação a idêntico mês no ano passado, mostrou o indicador calculado pela SPC Brasil. 

O Tempo Online

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