Dois dias após a publicação do Decreto nº 7.824 e da portaria que regulamenta a Lei de Cotas, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) anunciou que vai adotar as novas regras de forma progressiva, reservando neste vestibular 12,5% das vagas de cada curso e turno aos cotistas que se adequarem às exigências – o que representa 862 vagas de um total de 6.670. No vestibular de 2012, 10,26% – 671 candidatos – ingressaram na universidade com o antigo sistema de bônus. Com a mudança, mais 191 vagas serão destinadas aos alunos carentes.
Segundo a nova lei, as instituições terão que garantir 50% das vagas, em um prazo progressivo de até quatro anos, para estudantes que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas, inclusive em cursos de educação profissional técnica.
O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFMG aprovou, por unanimidade, o fim do sistema de bônus adotado desde 2009. A decisão ainda irá passar pela instância máxima da universidade, o Conselho Universitário, que fará uma reunião na próxima semana. Segundo o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFMG, a extinção do bônus é necessária porque não pode haver dois sistemas de inclusão simultânea com duplo benefício.
Orientações
Com a migração para o sistema de cotas, os mais de 60 mil candidatos que já tinham realizado as inscrições receberão uma notificação por e-mail. O sistema de bônus beneficiava candidatos que tinha cursado sete anos do ensino em escolas públicas. Com as cotas, são necessários apenas três anos. Portanto, quem não tinha se declarado no modelo de bônus poderá voltar atrás e se declarar como candidato às cotas, afirma o reitor da UFMG, Clélio Campolina Diniz.
Reforço
O reitor afirma que a comissão de acompanhamento dos alunos beneficiados pelo bônus será mantida para os alunos cotistas. Atualmente, cerca de 4.950 alunos são assistidos com bolsas, moradia universitária, alimentação subsidiada, material escolar, entre outros. A UFMG não está fazendo nenhum investimento para atender a política de cotas, mas o orçamento que era de R$ 17 milhões para a assistência vai passar para R$ 23 milhões, em 2013, garante.
A pró-reitora de graduação da UFMG, Antônia Vitória Aranha, afirma que, durante os quase quatro anos em que os bônus foi utilizado, a universidade percebeu que o rendimento dos alunos bolsistas era igual ou melhor em relação aos outros alunos. Entre 2009 e 2010, os bolsistas evadiram 5,3%, e os não-bolsistas evadiram 7,4%. A diferença aparece no primeiro ano, mas os alunos recuperam com rapidez, afirma.
Apesar disso, Campolina entende que o sistema é um mecanismo temporário. O sistema de cotas não elimina o mérito, afinal só vai entrar quem conseguir boa classificação. Acredito que essa nova política terá um efeito importante sobre a escola pública, mas não devemos esperar dez anos para mudar os ensinos fundamental e médio, diz.

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