No Brasil, Sérgio Moro é considerado um símbolo do combate à corrupção, por sua atuação como Juiz Federal na Lava Jato.

Pediu exoneração da função de juiz, para assumir como Ministro da Justiça e no dia 24 de abril de 2020, demitiu-se do ministério.

A partir de 30 de novembro foi admitido como sócio-diretor na Alvarez & Marsal (A&M) e a empresa informou em seu site: “A contratação de Moro está alinhada com o compromisso estratégico da A&M em desenvolver soluções para as complexas questões de disputas e investigações, oferecendo aos clientes da consultoria e seus próprios consultores a expertise de um ex-funcionário do governo brasileiro”.

Nesse caso, existe conflito pelo fato dele ter ocupado cargo público, homologado acordos de delação e acordos de leniência, concedido benefícios, na forma de menor pena, para acusados e empresas, entre elas, clientes da A&M, como Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Sete Brasil. Agora, ele será remunerado, em parte, por essas empresas.

No jornal Folha de São Paulo (artigo “Consultoria que contratou Moro diz que analisará situações de conflito caso a caso”, do dia 30.11) consta a consultoria A&M ter afirmado que as situações de conflito seriam solucionadas caso a caso e não há veto contratual, a princípio, para o envolvimento de Moro em empresas envolvidas na Lava Jato.

Os convites para ser Ministro da Justiça e diretor-sócio da A&M, foram por bons serviços. Surpreende a aceitação despreocupada com coerência, ética e conflito de interesses, pois sua figura pública está sujeita a críticas e exige parcimônia. Entretanto, não se preocupa e acredita estar acima de censura.

Acredita-se que Moro atuará, no mínimo indiretamente, em casos relativos a Lava Jato, por ser orientador dos demais consultores e fazer consultorias, principalmente de empresas brasileiras, devido ter sido contratado por ter ocupado postos no governo e deter competência para solucionar contendas.

No dia 24 de abril, no discurso de seu pedido de demissão da função de Ministro da Justiça, ele se disse estar preocupado com a sua biografia: “…há uma questão… também da minha biografia, como juiz, e respeito à lei, ao estado de direito, a impessoalidade no trato das coisas com o governo, e eu vivenciei durante a Lava Jato”. Entretanto, continua a manifestar para a população brasileira como um provável candidato a presidente da república, mesmo após aceitar a posição de Ministro da Justiça, no governo de Jair Bolsonaro, depois de condenar, prender e impedir Lula de concorrer às eleições presidenciais de 2018, o principal oponente político do presidente, e, de forma impressionante, aceitou ser consultor na A&M de empresas condenadas e beneficiadas por ele.

O comportamento errático de Moro constrói uma biografia contraditória e, em nome do interesse público, o fato de ter sido contratado pela A&M merece ser investigado por um suposto conflito de interesse.

Euler Vespúcio Advogado Tributarista eulervespucio.com.br

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