Ao comentar sobre a reunião que ocorreu no Ministério Público na semana passada, para debater sobre a aprovação do Conselho de Patrimônio Cultural para a construção da nova sede da Câmara Municipal, a secretária de Cultura, Maria Andrada, afirma que o Conselho de Patrimônio Cultural está certo. ?Ele está dentro da legalidade, tem feito as coisas como devem ser feitas, o presidente da Câmara Dr. Reginaldo ficou com raiva e tentou desqualificar o conselho? , disse a secretária
Os vereadores argumentaram sobre uma nota de esclarecimento de um membro do conselho, que disse não ter participado da reunião em que o projeto da Câmara foi reprovado. Maria Andrada garante que não existe a assinatura dessa pessoa na ata. ?Não existe de jeito nenhum essa assinatura. No final de cada ata, colocamos os nomes de todos os participantes, apenas os que estão presentes é que assinam. As reuniões têm sido muito atuantes, bem representativas, inclusive até os suplentes participam? .

Indicação do prefeito
Indagada sobre o presidente do conselho ser indicado pelo prefeito, a secretária disse que não é bem assim. ?Na verdade, o prefeito tem que aprovar o conselho. O próprio conselho escolhe as outras pessoas que vão fazer parte, que geralmente são pessoas do poder público, de órgãos ligados ao assunto. A outra metade é da sociedade civil, são diversos nomes sugeridos por membros do conselho, que tenham uma representatividade profissional como advogados, historiadores, arquitetos e outros. Pessoas que estejam comprometidas e entendam do assunto abordado. O conselho é um ato voluntário. Os conselheiros vão lá porque gostam de ajudar, eles têm que querer participar, não adianta apenas nomeá-los. Esse atual conselho é altamente comprometido? , salienta.

Não aprovação do projeto
Maria Andrada reafirma que o projeto apresentado não será aprovado de jeito nenhum. ?O projeto que nos foi apresentando é um projeto que não foi aprovado, precisa de uma série de mudanças. Agora, posterior a isso, a promotoria pediu que nós estabelecêssemos diretrizes claras para as áreas de entorno que ainda não tinham essas diretrizes estabelecidas. E aí essas diretrizes foram estabelecidas, veio uma engenheira de Belo Horizonte para nos ajudar a fazer isso. E a partir dessas diretrizes prontas, naquela área especificamente onde foi proposto pela Câmara construir a sede, o conselho não aprova porque ali tem que desmatar uma mata, tem que desmatar umas mangueiras centenárias e tem alguns problemas também do próprio projeto naquele local e desse jeito o conselho não aprova. Então não haveria a possibilidade? .

Sugestões
A sugestão do conselho é a seguinte: ?Agora o que o conselho gostaria é que a Câmara procurasse um outro local para fazer essa sede. A gente quer muito que eles façam uma sede sim?. Entretanto, nem mesmo se fossem feitas mudanças no projeto, a secretária diz que ?agora as diretrizes já não permitem mais, porque a engenheira e a arquiteta foram lá e tiraram fotos e analisaram que ali é um problema sério, teria que remover uma série de vegetação no local […] O conselho achou melhor preservar aquela área toda, como parque municipal. Porque se construir um prédio no parque municipal ninguém vai permitir. Ele é no meio da cidade, no centro da cidade. Então é a única área verde que tem na reta da cidade, onde que dá respiração para a cidade, de lazer para a cidade? .
Maria Andrada ainda comenta que ?se alguém tiver que construir alguma coisa que seja no cascalho, lá em cima, entendeu. Tem uma parte que é toda com erosões, com voçorocas, com cascalho, aí essa parte não tem problema não, que não vai atrapalhar em nada não.a secretária comentou que em outros municípios, como Belo Horizonte, estão levando essa área administrativa lá para o fim do mundo. Todo mundo está fazendo isso hoje, porque os centros urbanos não aguentam mais esse inchaço nos centros urbanos. A gente quer realmente o crescimento das cidades para os bairros? .

Sede da Secretaria de Educação
Questionada sobre a aprovação da sede da Secretaria de Educação, que está sendo erguida nas mesmas imediações de onde seria a nova Câmara Municipal, a primeira diferença, segundo Maria Andrada é ?que eles construíram no cascalho, lá em cima, nos barrancos, numa parte que não tinha praticamente vegetação nenhuma, cortaram apenas uma ou duas árvores? .
A secretária comenta que a intenção era de se construir um prédio com dois andares e ??enxugaram? fazendo um andar só e mais baixo, com apenas 600 metros quadrados, uma edificação completamente simples. Maria Andrada enfatiza que será um lugar que não atrapalha em nada a visibilidade da casa do engenheiro e que ?a edificação vai sumir no meio do ambiente, o que não aconteceria com a Câmara, porque ela iria ficar em cima de um barranco, já que eles não fizeram um estudo de impacto geológico desse barranco e a proporção da Câmara em relação à casa do Engenheiro e da Secretaria de Educação é enorme. Sei que é propósito deles aparecerem e tudo mais, mas não fica bonito para a cidade e não fica bacana. Tem que ter um equilíbrio estético? .

Outros locais
Segundo a secretária, poderiam ser apontados outros terrenos para a sede da câmara. ?A gente arranja outros lugares. Isso aí é o de menos. Mas num lugar onde a gente proporcione à cidade um desenvolvimento sustentável, um progresso real e não um progresso falso, porque as pessoas acham que progresso é isso, e não é não, progresso é qualidade de vida? , ressalta.
Segundo o presidente do Conselho de Patrimônio Cultura, Lucas Mascarenhas, o conselho manteve a decisão dele. Ele justificou que ?desde o início a questão maior é a localização da nova sede da Câmara, pelo fato de o projeto ser do porte que é?. O presidente ressaltou que eles não querem que ninguém construa mais nenhum imóvel naquela área. ?Se começar a construir vai acabar aquilo tudo lá? .
O Ministério Público está fazendo um procedimento administrativo, que foi submetido a Belo Horizonte, mas, segundo o presidente, foi emitido um parecer que não foi conclusivo e indicou justamente que fosse feita uma tentativa de acordo, o que não houve durante a reunião. ?O conselho tem essa prerrogativa de autorizar ou não, de acordo com o que foi avaliado. Então, enquanto não liberar, não tiver o alvará para construir não se pode construir?, conclui Lucas Mascarenhas.

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