Chega a ser risível a importância que se dá a certos vocábulos, em especial quando empregados em frases que dizem respeito ou os remetem às nossas autoridades.

Assistir o presidente de qualquer poder e instância, aos berros, chamando seu “pseudo desafeto” de V.Exa. é, no mínimo, algo comparável a… sei lá o quê!

Tivemos prova disto por aqui nesta semana, quando percebemos, metaforicamente, que a verdadeira corrida de papéis, suspeitamos, possa ter ocorrido no trecho de ruas que separa a sede da Câmara à da Prefeitura.

Ao iniciar sua fala na Tribuna do Legislativo, a secretária de Saúde cuidou de esclarecer, após ouvir o presidente anunciar que ela estava ali atendendo à convocação da Mesa, que um dia antes de receber o “amistoso convite”, ela já havia encaminhado àquela augusta Casa, um pedido de uso da mesma Tribuna. Portanto…

A “plateia” presente, que por força de um tal regimento não pode se manifestar dentro da Casa que insistem em dizer que é dela, ou melhor do povo, ficou sem entender a razão daquele estranho e inusitado preâmbulo.

Mas isto certamente não foi o que mais chamou a atenção dos que por meio da internet ou ali mesmo naquele recinto se deliciaram com a presença do que se convencionou chamar de “papagaios de pirata”, os quais se revezavam por detrás da ocupante da Tribuna, exibindo folhas de um jornal que, tiveram o condão de, mais uma vez, como já se tornou costumeiro, tirar do sério um vereador de longa carreira legislativa. Este tratou de exigir da Mesa as providências que julgava pertinentes e…

Se de fato faltou tato por parte dele, na forma como requereu a esperada ajuda, também isto faltou ao presidente da Casa que, visivelmente atordoado e preocupado com a necessidade de uma condução mais tranquila nos debates que se avizinhavam, tendo como alvo a secretária, deixou vazar seu inconformismo com alguns colegas e tratou de espezinhá-los empunhando um regulamento que lhe dá, no entender dele próprio, enquanto presidente, inimagináveis poderes.

Na Tribuna, atônita com as cenas pouco agradáveis que acabou sendo obrigada a testemunhar, a ilustre visitante, entre um emaranhado de números que lhe foram cobrados, acabou por confundir-se em resposta que envolvia valores dispostos no orçamento – portanto fictícios – e ao responder a determinada pergunta daqueles que a inqueriam, deixou margem para que um deles, mais afeito no trato de números, rapidamente fizesse as contas e a informasse que ela teria, se de fato houvesse esgotado todo o recurso orçado com aluguéis de vans, perdido a chance de adquirir quatro daqueles veículos ao longo do ano.

Obviamente, agora o mal entendido, decorridos três dias de sua divulgação pelas redes socais, visto que as reuniões da Câmara são transmitidas e disponibilizadas no YouTube, com a publicação da nota oficial da Prefeitura, terá seus efeitos minorados. Menos mal! Fica o exemplo e a certeza de que em certas ocasiões, muito melhor do que concordar com certas indagações ou com a prática de citar números sem muita certeza quanto a sua exatidão não é aconselhável.

Percebendo o clima hoje reinante, imaginamos que a sequência de convites ou convocações poderá, em breve, se estender a outras secretarias e, neste caso, convém que os futuros sabatinados melhor se preparem quanto a números afetos às suas respectivas pastas.

Pelo sim ou pelo não, há que se ressaltar a importância da fiscalização exercida pelo poder Legislativo sobre o Executivo, desde que isto se dê com cordialidade, dentro dos parâmetros previstos na Constituição, respeitada a harmonia e a independência dos poderes.

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