A América Latina sofre com o desemprego, a desigualdade e exclusão social, a miséria, a precariedade dos serviços públicos.
No Brasil, a recessão agrava esse quadro e os gestores públicos não têm interesse efusivo em solucioná-la, pelo contrário, essa mesma recessão lhes dá o discurso e respaldo político legitimador da venda dos bens do Estado. Ela também acarretou a eleição de verdadeiros corretores de negócios, travestidos de homens públicos, mas com o objetivo de liquidar os mesmos bens públicos, descompromissados dos interesses comuns de segurança nacional (energética, hidráulica, logística, etc).
Esses corretores de negócios montam o seu balcão de artigos à venda com bens estatais (empresas, concessões, créditos, etc.) nas diversas esferas da federação.
No governo federal, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, adota ações pontuais para melhorar os níveis de emprego e de atividade econômica, mas se esmera para vender estatais, fazer concessões, leiloar poços de petróleo. Aprovou a Reforma da Previdência e fez a alegria dos seus colegas banqueiros, pois viabilizou o lançamento de inúmeros fundos de previdência privada.
Estão sendo liquidadas as outrora intocáveis empresas estatais, como a Eletrobrás, Correios, Serpro, refinarias, Banco do Brasil, etc. A Petrobras já vendeu a BR Distribuidora e a Liquigás.
Enquanto isso, as medidas para melhorar os níveis sociais são esquecidas, mesmo com a miséria tendo atingido 6,5% da população, cerca de 13,5 milhões a viver com menos de R$145 por mês, conforme a Síntese dos Indicadores Sociais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em Minas Gerais, o governador Zema também está empenhado em vender empresas estatais, como a Cemig e a Copasa, mesmo não tendo aceitação pública para vendê-las. A estratégia, para sensibilizar a opinião pública, tem sido deixar as empresas sucateadas, por falta de manutenção, e, a seguir, adotar discurso defendendo a necessidade de privatizar para garantir os investimentos necessários.
Entretanto, Zema não se esforça para melhorar o quadro fiscal do Estado, como tornar mais eficiente a estrutura governamental, fazer pacto com os demais poderes, incentivar novas frentes de negócios, diminuir subsídios, aumentar receitas fiscais, etc.
Os gestores governamentais são passivos para melhorar o otimismo do povo e do empresariado, somente encontram forças para rogar para os investidores adquirirem bens em liquidação.
O resultado é no futuro podermos ter setores estratégicos nas mãos de empresas privadas, uma autêntica chilenização, onde a conta é paga pelos cidadãos e os serviços públicos (água, energia, transporte, correios, previdência, saneamento, etc.) são subjugados aos interesses financeiros, fruto da política adotada por administradores públicos (corretores de negócios) indiferentes aos problemas sociais e com “mente e olhos” somente para negócios.

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