O número de mortos por coronavírus entre jovens de 20 e 29 anos aumentou 288%, ou seja, cresceu quase quatro vezes na comparação entre fevereiro e março de 2021, segundo os dados do sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe do Ministério da Saúde (SIVEP-Gripe).

De acordo com os números, em fevereiro, os óbitos dessa faixa etária somaram 52 mortes, enquanto no mês de março, o total subiu para 202 mortos.

As mortes de jovens por Covid-19 no mês de março em São Paulo ultrapassaram a soma dos últimos cinco meses. De outubro de 2020 a fevereiro de 2021, o sistema do Ministério da Saúde computou o total de 186 óbitos nessa faixa etária. Só no mês de março foram 202 mortes.

Além dos óbitos, as internações por Covid-19 desse grupo etário também dispararam, com aumento de 173% entre janeiro e fevereiro deste ano. No primeiro mês do ano, o estado de São Paulo teve 693 internações desse grupo etário. Já em março, o número saltou para 1.639 internações.

As aglomerações são apontadas por especialistas como o principal fator de contágio dos jovens durante a quarentena.

“O que está acontecendo é que se passou uma mensagem que foi errada. A de que o problema do jovem seria somente de ele estar contaminando e contaminaria o avô, a avó, como se ele fosse simplesmente um transmissor da doença. Isso nunca foi verdade. Com essa propaganda equivocada, isso levou os jovens a achar que se eles não tivessem contato com nenhum idoso, estariam todos protegidos. O que não é fato. E os números estão dizendo”, afirma o epidemiologista e professor titular da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Lotufo.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), o número de denúncias sobre o desrespeito às regras de distanciamento da quarentena explodiu no estado no mês de março, por meio do canal 0800, passando de 4.332 em fevereiro para 55.416 denúncias em março.

  • Julho/2020 – 2.604 denúncias;
  • Agosto/2020 – 1.521 denúncias;
  • Setembro/2020 – 1.140 denúncias;
  • Outubro/2020 – 872 denúncias;
  • Novembro/2020 – 1.049 denúncias;
  • Dezembro/2020 – 2.416 denúncias;
  • Janeiro/2021 – 2.734 denúncias;
  • Fevereiro/2021 – 4.332 denúncias;
  • Março/2021 – 55.416 denúncias.

“O jovem em geral tem uma tendência de se sentir invulnerável. Ele pensa ‘bom, se eu for na festa, a recompensa é toda minha, porque eu vou fazer o que eu quero, e o preço que se paga por isso também é dividido na comunidade’, isso leva as pessoas a irem para festas. O racional do comportamento é ir. Já que eu tenho todo o benefício e o preço vai ser diluído na comunidade. O que a gente precisa fazer? Precisa ser mais custoso, mais arriscado para jovem ir à festa. Ou seja, a festa vai ser fechada, vai ter polícia, vai ser multado, para que no seu cálculo interno não valha a pena ir”, afirma o psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Daniel Martins de Barros.

Fonte: G1

COMPATILHAR: