A presença feminina nas estatísticas de mortes no trânsito no Brasil cresce há cinco anos, período em que se comprovou outra mudança no perfil das mulheres: o aumento do consumo de álcool, principalmente entre jovens. ?A quantidade de álcool ingerida por mulheres aumenta muito e em idades cada vez mais precoces?, diz o médico Sérgio Duailibi, da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Para ele, o envolvimento feminino em acidentes é uma tendência.
Há uma semana, cinco meninas de 17 a 28 anos morreram e duas se feriram numa batida na Estrada da Itapeti-Pedreira, em Mogi das Cruzes, Grande São Paulo. As amigas voltavam de uma festa de aniversário e seguiam para Santo André quando seu Fiat Siena bateu de frente num caminhão. No carro, havia garrafas de cerveja vazias. À polícia, a aniversariante disse que as amigas haviam ?bebido socialmente?. Num mês, um laudo revelará se o álcool teve relação com o acidente.
Levantamento do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) da Unifesp aponta que o alcoolismo entre meninas de 12 a 17 anos quase dobrou de 2001 para 2005 – de 3,5% para 6% do total. Entre as jovens de 18 a 24 anos, o percentual subiu de 7,4% para 12,1%. Entre homens, o crescimento foi menos significativo: de 6,9% a 7,3% (faixa de 12 a 17 anos) e de 23,7% a 27,4% (18 a 24 anos). No Sudeste, para jovens de 12 a 17 anos, a situação é inusitada: 6,4% delas são dependentes, ante 4,9% dos meninos.
Apesar do índice de mulheres em acidentes de trânsito fatais ser menor do que de homens, desde 2001 a quantidade de vítimas do sexo feminino aumenta em proporção maior que as do masculino. Em 2001, 25.335 homens morreram no trânsito e, em 2005, foram 29.798 – alta de 17,6%. Entre as mulheres, o salto foi de 19,8% no período – de 5.682 para 6.805 casos. ?O número de mulheres que bebem e dirigem sempre foi menor que o dos homens, mas está aumentando?, disse o coordenador da Uniad, Ronaldo Laranjeira.
Pesquisa da Uniad abordou 2.500 motoristas no trânsito da capital, em noites de sexta-feira, para checar, com bafômetro, se estavam embriagados. Resultado: 39% haviam bebido antes de dirigir e 20% tinham níveis de álcool no sangue acima do permitido por lei. ?Isso surpreendeu muito. Em pesquisas feitas no exterior, a taxa gira em torno de 1%?, disse Duailibi.

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