O mercado brasileiro não vai ficar desabastecido de armas de fogo e munições, mesmo com o aumento da procura por esses artigos, face aos últimos acontecimentos políticos – debates sobre o tema na Eleição de 2018, decreto de fevereiro flexibilizando a posse e sinalização da Presidência de ainda mais facilidades.

A afirmação é do presidente da Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições (Aniam), que também é o presidente da maior fabricante de armas (Taurus) e munições (CBC) do Brasil, Salésio Nohs, que se justifica avaliando que o mercado nacional ainda é muito pequeno e que reverter parte das importações seria suficiente para abastecê-lo.

“Não existe esse problema. Qualquer que seja a demanda, ela será priorizada e atendida com tranquilidade”, diz em entrevista ao Estado de Minas na LAAD 2019, a feira da defesa e da segurança no Riocentro, afirmando não haver com isso oscilações importantes de preços devido a uma suposta escassez de produtos no mercado.

Esse aquecimento do mercado tem sido sentido pela indústria de armas de fogo, de acordo com a Aniam, mas ainda não se tem certeza de que seja devido às discussões, ao decreto ou às sinalizações de ainda mais facilidades.

“Mesmo com o decreto, você não vai a uma loja hoje e sai com uma arma debaixo do braço. Entre a decisão de compra e você efetivamente conseguir comprar a arma, leva em torno de quatro meses”, estima o presidente da associação. Ele lembra que é necessário, por exemplo, tirar todas as certidões, fazer exame psicotécnico, fazer exame de tiro e fazer o registro da arma de fogo.

“Como o decreto é recente (fevereiro), não temos ainda como medir o impacto que teve, mas sem dúvidas isso fez aumentar a procura”, afirma.

Salésio Nohs usa o exemplo da CBC para mostrar que mesmo que ocorra um superaquecimento do mercado brasileiro, isso não vai significar falta de armamento para quem deseja.

“Omercado do Brasil é muito importante, mas é muito pequeno. Como o volume é pequeno, a capacidade dessas indústrias é muito superior ao consumo. O que aumentar, nós vamos atender e vamos atender com prioridade. Pode ser 50%, 100%. Se triplicar as vendas nós vamos atender. Não existe esse problema”, afirma.

No caso da Taurus, empresa que faz 80 anos, as exportações correspondem a 90% das vendas, sendo que os 10% restantes se dividem entre os mercados civil e militar. “Nosso maior mercado é o norte-americano. Somos a quarta marca mais adquirida nos Estados Unidos. Isso, para uma empresa brasileira, atuando num mercado importante como o americano, é motivo de grande orgulho”, afirma.

Outro problema que aflige a indústria e que seria a próxima grande luta desse setor é a excessiva cobrança de impostos. “Imagine que 70% do custo de uma arma vem de impostos. Por isso é preciso uma urgente reforma tributária, não apenas para o nosso setor, como para os demais da indústria nacional”, destaca Nohs.

 

Fonte: Estado de Minas||

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