Thiago Neves elogiou a atuação do Cruzeiro na partida contra o Goiás. David considerou o resultado injusto. Abel Braga gostou do que viu. Com esses discursos, jogadores e comissão técnica tentam convencer os torcedores de que a reação virá a qualquer momento. Na prática, mais uma derrota, a 11ª da equipe no Campeonato Brasileiro, e a permanência na zona de rebaixamento (17º), com 19 pontos em 22 rodadas. A consequência dos resultados ruins é a efeméride de um mês sem vitória. Os cruzeirenses comemoraram pela última vez em 1º de setembro, quando o time bateu o Vasco por 1 a 0, no Mineirão, pela 17ª rodada.

O duelo contra o Vasco era o terceiro sob o comando de Rogério Ceni. Quem fez o gol foi Maurício, jovem de 18 anos, em chute forte da entrada da grande área. Existia na ocasião esperança de evolução tática e técnica, já que nos jogos anteriores a Raposa tinha ganhado do Santos, por 2 a 0, e empatado com o CSA, por 1 a 1. No entanto, os problemas começaram a partir do revés para o Internacional, por 3 a 0, no Beira-Rio, pela semifinal da Copa do Brasil. Depois, três derrotas seguidas pelo Brasileiro, diante de Grêmio (4 a 1), Palmeiras (1 a 0) e Flamengo (2 a 1).

De elogiado pelos treinos intensos e convicções nas entrevistas, Ceni passou a ser questionado internamente por diretoria e jogadores em função de suas escolhas para a equipe. Houve problemas de relacionamento do treinador com os mais experientes, em especial o lateral-direito Edilson e o armador Thiago Neves.

A situação se tornou insustentável depois do empate por 0 a 0 com o Ceará, no Castelão, em Fortaleza, na última quarta-feira. O zagueiro Dedé pediu a palavra no vestiário. Ao afirmar que o grupo precisava de Thiago, Edilson e Sassá, Rogério virou as costas e saiu da reunião, gerando constrangimento no ambiente. Na quinta-feira, o vice-presidente de futebol Itair Machado demitiu o técnico e disse não ter participado efetivamente de sua contratação.

Na sexta, o Cruzeiro anunciou Abel Braga, sem clube desde que deixou o Flamengo, como substituto. Com contrato até dezembro de 2020, o treinador de 67 anos comandou duas atividades, no sábado e no domingo, e esteve à frente da equipe contra o Goiás, no Serra Dourada.

O time celeste até chegou a balançar a rede, aos 4’ do segundo tempo, porém David, autor da assistência para Thiago Neves, encontrava-se ligeiramente impedido no momento em que recebeu bola de Fabrício Bruno. O VAR entrou em ação para chegar as imagens. Aos 14’, o lateral-esquerdo Alan Ruschel subiu ao ataque, aproveitou-se de descuido de Edilson e fez o gol da vitória esmeraldina ao completar o chute cruzado de Michael.

Sequência

A cada tropeço, os cruzeirenses atualizam os cálculos e se perguntam: quantas vitórias são necessárias para evitar o pior? Sete? Oito? Nove? Em meio à desconfiança, o alento: o time fará os dois próximos jogos no Mineirão, onde obteve 73% de sua pontuação (14 em 19). Os adversários serão Internacional, no sábado, às 21h; e Fluminense, na quarta-feira, às 21h30.

O ‘peso’ do jogo contra o Fluminense será maior por se tratar de confronto direto na briga contra o rebaixamento. O tricolor carioca, que antes faz clássico com o Botafogo, é 16º no Brasileiro, com 22 pontos e duas vitórias a mais em relação ao Cruzeiro: 6 a 4. Mas para ter a chance de igualar ou até mesmo ultrapassar o concorrente, a Raposa terá de bater o Inter, postulante ao G4 (5º, com 37) e com 100% de aproveitamento nos três encontros de 2019.

Depois da série como mandante, o Cruzeiro voltará a jogar fora de casa, diante da Chapecoense, às 19h de domingo (13/10), na Arena Condá, em Chapecó. O clube catarinense é lanterna do Brasileiro, com 15 pontos, porém conseguiu um de seus três triunfos justamente em cima dos mineiros: 2 a 1, no Independência, em 26 de maio.

O Cruzeiro ganhará reforços visando aos compromissos contra Internacional, Fluminense e Chapecoense. Além de Fred, que cumpriu suspensão na derrota para o Goiás, o técnico Abel Braga deverá relacionar o volante Ariel Cabral e o armador Rodriguinho, recuperados de fascite plantar no pé direito e cirurgia na região lombar, respectivamente. O atacante Pedro Rocha, ausente do banco de reservas em Goiânia, também pode reaparecer. Em contrapartida, o volante Henrique, com três cartões amarelos, não estará à disposição ante o Inter.

Lembrança de Abel

Em sua apresentação na Toca II, no último sábado, Abel Braga se recordou do Brasileirão de 2003, quando treinou a Ponte Preta e brigou contra o descenso à Série B ao longo da competição. A Macaca escapou da queda ao vencer o Fortaleza por 2 a 0, no Estádio Moisés Lucarelli, em Campinas, pela 46ª rodada. Com 50 pontos, ficou em 21º lugar entre 24 clubes (caíram apenas os dois últimos, Fortaleza e Bahia). Campeão daquela edição, o Cruzeiro contabilizou 100 pontos.

“Neste momento, não adianta: tem que abraçar a equipe, senão a coisa complica. Falo isso de coração. O maior momento que vivi na minha carreira foi em 2003, quando estava na Ponte Preta. Por isso gosto da Ponte Preta e tenho um carinho muito grande pela Macaca até hoje. Foi até o último jogo. Quando o juiz terminou o jogo, falei assim: ‘conseguimos ficar na primeira divisão’.”

Apesar das dificuldades iniciais em Belo Horizonte, ele espera, a serviço do Cruzeiro, não passar novamente por tal situação na carreira. “Não dá para passar mais aquilo. Saí em lágrimas daquele jogo do Moisés e disse a mim mesmo: ‘nunca mais vou passar por isso’. E não vou passar por isso aqui. Vamos conseguir coisas de forma positiva, se Deus quiser”.

 

Fonte: Matéria Super Esportes ||https://www.mg.superesportes.com.br/app/noticias/futebol/cruzeiro/2019/10/01/noticia_cruzeiro,2463055/cruzeiro-tem-sequencia-em-casa-e-duelos-diretos-como-alento-na-serie-a.shtml
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