O Cruzeiro desafia a altitude de 2.850m e o Deportivo Quito nesta quarta-feira, às 21h50, no estádio Olímpico Atahualpa, em Quito, para se manter na liderança do grupo 5 da Copa Libertadores. O time mineiro assumiu a ponta da chave ao vencer o Estudiantes de La Plata por 3 a 0 na estreia, em Belo Horizonte. Os equatorianos vêm de empate por 1 a 1 com o Universitário, em Sucre-BOL.
Um triunfo como visitante deixará o Cruzeiro em situação confortável na Copa Libertadores. A segunda rodada do grupo 5 será fechada nesta quinta-feira, com o duelo entre Estudiantes e Universitário, em La Plata, na Argentina.
Nessa fase, a pretensão cruzeirense é ter a melhor campanha entre os 16 clubes que avançarão às oitavas-de-final. A primeira posição daria ao time de Adilson Batista o direito de enfrentar o pior classificado e de decidir todos os mata-matas em Belo Horizonte.
?Na Libertadores, o mais importante é se classificar em primeiro. Essa é nossa meta por enquanto. Então vencer 1 a 0, meio a zero, é o que importa pra gente?, brincou o atacante Wellington Paulista.
Vindo de oito vitórias seguidas e um empate, o Cruzeiro será testado pela primeira vez na altitude em 2009. Adílson Batista avisou que a equipe evitará o desgaste causado pelo ar rarefeito dos Andes com um posicionamento compacto e principalmente com inteligência na hora de jogar. ?Temos é que posicionar corretamente, rodar bem a bola, buscar, se compactar. Mas dá para correr, eu já joguei em Quito como atleta, já venci também. Vamos passar tranqüilidade para fazermos um bom jogo e vencê-los?.
De fato, como zagueiro, Adílson conseguiu vitórias em Quito, em 1995, ano em que foi campeão da Copa Libertadores pelo Grêmio, e em 2000, no Corinthians, pouco antes de encerrar sua carreira.
Muitos dos jogadores do Cruzeiro conheceram os efeitos da altitude pela primeira vez no ano passado, nos 3.960m de Potosí, na Bolívia, contra o Real Potosí. O volante Ramires relatou sentir a sensação de afogamento em campo ainda no primeiro tempo. A verdade é que os mineiros voltaram goleados por 5 a 1 também por conta de uma estratégia ruim.
Outros atletas conheceram a altitude bem antes e não têm do que se queixar. É o caso do atacante Thiago Ribeiro. Na Libertadores de 2006, ele atuou como titular do São Paulo na vitória por 2 a 0 sobre o Cienciano, em Cuzco, a 3.360m acima do nível do mar. ?A única coisa que estranhei foi a velocidade da bola, ela corre bastante. Fisicamente não senti nada, como tontura. O que eu estranhei foi a bola, e isso acaba dificultando um pouco?.
Crise
A altitude é apenas um dos ingredientes que prometem agregar emoção à partida. Outro é a crise econômica pela qual passa o Deportivo Quito, atual campeão equatoriano. Os jogadores chegaram a entrar em greve na semana passada e deixaram de treinar por cinco dias em razão dos atrasos salariais de janeiro e fevereiro. Nem mesmo a premiação do título foi quitada.
O trabalho só foi retomado na segunda-feira. ?Estaremos em campo por nós e nossas famílias. Precisamos conseguir uma vitória. Pedimos que nos apóiem, a torcida é parte importante nesse processo de reação?, disse o lateral-esquerdo Isaac Mina.
O elenco equatoriano quer a vitória sobre o Cruzeiro para alimentar chances de classificação e para pressionar ainda mais a diretoria, que busca meios para cumprir os seus compromissos. Toda a renda do jogo de Quito será destinada ao grupo. Caso os salários não sejam pagos até sexta-feira, os atletas prometem se recusar a entrar em campo contra a LDU, no domingo.
Comissão técnica e jogadores do Cruzeiro duvidam que a crise do Deportivo Quito trará facilidades em campo. O desejo de disputar uma Copa Libertadores falaria mais alto nesse momento. ?Não adianta achar que vamos encontrar moleza. Vamos jogar na altitude, é complicado, temos que ter experiência, malandragem para saber levar o jogo, e vencer. Vencendo, a gente fica em ótima situação na competição?, lembrou Thiago Ribeiro.
Desfalques
O Deportivo Quito entrará em campo nesta quarta-feira desfalcado do goleiro Ibarra e do capitão e armador Luis Fernando Saritama, ambos contundidos. O técnico argentino Darío Rubén Insúa montou a equipe no esquema 4-4-2. A ordem é sufocar o Cruzeiro, vencer a primeira na Libertadores e se reabilitar da derrota de sábado, por 1 a 0, para o Manta, pelo campeonato local.
O Cruzeiro também estará desfalcado de dois titulares. O atacante Kléber vai cumprir suspensão pela expulsão no jogo contra o Estudiantes, no Mineirão. Já o zagueiro Thiago Heleno foi poupado. Exames apontaram que a altitude lhe faria mal. Com isso, Thiago Ribeiro será mantido ao lado de Wellington Paulista no ataque e Anderson deve formar a zaga com Leonardo Silva.
A principal atração do Cruzeiro será o retorno do volante Ramires. Ele cumpriu suspensão contra os argentinos no Mineirão. Com isso, Adílson poderá escalar o meio-campo ideal, com Fabrício, Marquinhos Paraná e Wagner.

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