O mês de dezembro traz, na esteira da combinação festas de fim de ano, férias e mudanças de hábitos alimentares com comidas típicas dessa época, internações e atendimentos de adultos e crianças com problemas de intoxicação alimentar e acidentes domésticos.
Este ano, até o dia 22 de dezembro, 109 pessoas com sintomas de intoxicação alimentar foram atendidas no Hospital João XXIII, em Belo Horizonte. Número inferior ao do ano passado, quando, em igual período foram 153 atendimentos. Principalmente de crianças, alvos fáceis das bactérias causadoras das intoxicações.
Eliane de Souza, médica coordenadora da clínica pediátrica do hospital e membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Pediatria, explica que o principal tipo de intoxicação é a causada pelas bactérias salmonella ou stafilococus, que podem ser originadas no preparo ou pela deterioração dos alimentos, como maioneses caseiras e carnes. Os sintomas são febre alta, diarreias, mal estar e dores pelo corpo.
Outro tipo de intoxicação alimentar é o botulismo, quando toxinas bacterianas se desenvolvem no interior de embalagens de alimentos preservados de maneira incorreta. Os sintomas são insuficiência respiratória, febre alta, diarreia. Nesse caso, quadros mais graves podem levar ao óbito.
Para evitar esse tipo de problema, a médica ressalta as dicas da Sociedade Mineira de Pediatria, que orientam sobre o correto manuseio de alimentos no período de calor intenso:
– Mantenha a temperatura do refrigerador abaixo de quatro graus centígrados.
– Não deixe alimentos degelarem em temperatura ambiente. O melhor é descongelar em banho-maria ou no micro-ondas, na hora de preparar.
– Mantenha os alimentos na geladeira até o momento do preparo, principalmente as carnes.
– Alimentos que sobrarem das refeições devem ser congelados imediatamente ou desprezados.
– Para as pessoas que procuram as praias para passar o fim de ano ou as férias, a dica é não consumir frutos do mar crus e evitar frituras. No caso de alimentos vendidos por ambulantes ou em barracas na praia deve-se observar a aparência dos produtos e do local onde estão armazenados.
– Lave esponjas de cozinha com água sanitária.
Eliane de Souza lembra ainda que o congelamento não mata bactérias. ?Se elas já estiverem em formação no alimento não adiantará congelar. A melhor forma de eliminá-las dos alimentos é o cozimento. No entanto, se for observado que a armazenagem não foi correta, o melhor é não consumir?.
Ela ressalta ainda a importância do cuidado na compra de produtos industrializados. ?É muito importante observarmos a aparência externa das embalagens dos produtos, que não devem estar amassadas, abertas ou estufadas, sinais de que alguma bactéria pode ter se desenvolvido no interior dessas embalagens?.
Outros cuidados no verão
Outra dica importante é oferecer a crianças e idosos líquidos em quantidade maior que o normal, pois a desidratação afeta as funções cardíaca e respiratória. ?As crianças, principalmente, tendem a não beber água, por isso tem-se que oferecer sucos naturais ou mesmo industrializados, desde que observada a data de validade e que seja feita a limpeza da embalagem antes do produto ser consumido? explica.
O uso de protetor solar é outra dica da médica, para crianças a partir de seis meses de idade. ?As mães devem lembrar de passar o produto na orelhinha das crianças, que é uma parte do corpo que fica vulnerável aos raios solares?. Também é recomendado o uso de roupas leves e claras.
Cuidados para a prevenção de acidentes domésticos
Eliane destaca que o período de férias, quando as crianças passam mais tempo em casa, exige cuidados que podem prevenir acidentes graves. ?Uma casa preparada para as crianças garante a segurança. Importante lembrar também que esses acidentes só ocorrem quando não há a presença de um adulto responsável por perto? disse Eliane, que aponta algumas dicas.
– Não deixe sofás, camas e mesas próximos a janelas, pois as crianças podem subir facilmente.
– Tampe tomadas para evitar choques elétricos.
– Evite colocar toalhas grandes em mesas, pois podem ser puxadas com facilidade.
– Não deixe remédios e brinquedos com partes pequenas ou pilhas ao alcance das crianças. Eles podem ser engolidos.
– Evite deixar crianças na cozinha e áreas de serviço. Fornos, cabos de panelas, ferros elétricos, tábuas de passar roupas e produtos de limpeza coloridos em embalagens de refrigerantes são objetos que normalmente aguçam a curiosidade das crianças.
– No banheiro, deixe a tampa do vaso sanitário abaixada, para evitar afogamentos. Crianças menores não têm controle total do pescoço e podem não conseguir levantar a cabeça sozinhas em caso de um acidente como esse.
A médica explica ainda que vários desses cuidados se estendem a casas onde vivem pessoas idosas, também suscetíveis a acidentes domésticos e intoxicações. ?A infância e a fase idosa são os dois extremos da vida em que precisamos ter mais cuidados para evitar acidentes. O próprio organismo sofre alterações que deixam esses grupos mais frágeis?, conclui.

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