Nos últimos dias, vários interlocutores do exterior, desde a África do Sul, Israel, Barbados, e Europa, me perguntavam apavorados  sobre a dengue e o Zika. Alguns deles querendo vir, ou seus parentes e amigos, para os próximos Jogos Olímpicos no Rio, daqui a cinco meses. Ou para o Carnaval, na próxima semana. E dizer o que? Que não tem perigo? Pode vir sem medo e susto?

Os dados estão ai e os doentes também. A dengue está  se arrastando há décadas e o Zika deu um novo impulso.  E se a isso tudo adicionarmos altos índices de tuberculose, sífilis congênita, aids, e mais algumas doenças que desconhecemos, podemos dizer com a maior tranquilidade que somos um país em permanente crise de saúde. Sem falar em obesidade, doenças de coração e diabetes.

Que a saúde publica e os combates a essas epidemias nestes últimos doze anos não foram a prioridade de nenhum governo, está demostrado pelo resultado infeliz que estamos presenciando neste momento. E mostra também que na hora de falar em eleições municipais, falamos de pessoas, candidatos, mas nada de políticas públicas de saúde. Mas, não devemos esquecer que no passado já nos deparamos com a febre amarela e a doença de chagas, além da poliomielite, que de certa forma foram erradicadas. Ou seja, houve esforço, e houve resultado.

Não podemos esquecer que esse combate acontece fora do país, já que a vacina contra a dengue vem da Franca, e o mosquito geneticamente modificado para combater o mosquito transmissor de dengue está sendo produzido em Piracicaba, no Estado de São Paulo, por uma empresa britânica. A vacina contra o Zika está  sendo pesquisada nos Estados Unidos.

Essas epidemias reduzem a nossa capacidade de trabalhar, a nossa capacidade de receber turistas, a nossa capacidade de nos movimentarmos pelo mundo, já que somos oriundos de uma área contaminada. A coisa é muito mais séria  do que estamos percebendo.

Cabe em muito a pergunta, por que isto ocorre? Parte da resposta é que a limpeza, tanto nas nossas casas como no ambiente externo em termos do país  como um todo, cria um passivo sanitário que provoca essas e outras doenças. Nada de novo na história da humanidade, que já  passou por algumas epidemias mais mortais, como a peste negra, na Idade Média, e o ebola mais recentemente.

Nós vamos ter que enfrentar o problema hoje e também amanhã. Provavelmente, o empresariado com suas entidades sociais como o SESI, SESC, SENAI e outras, podem, em vez de financiar réveillons e carnavais, como foi o caso da Escola de samba com enredo da Estrada Real, ajudar na busca de soluções de saúde pública, pelos menos para seus trabalhadores.

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