Menos de uma semana depois da resolução do maior escândalo de sua história, a Fórmula 1 volta ao circuito de Cingapura, palco do polêmico Grande Prêmio que marcou para sempre a categoria. Vencida pelo espanhol Fernando Alonso em 2008, a prova será lembrada pela trama arquitetada pelo ex-chefe da Renault, Flávio Briatore, que culminou com o banimento do cartola italiano do automobilismo.
No ano passado, Cingapura fazia sua estreia no calendário como a primeira corrida noturna da história da F-1. Na época, o sistema de iluminação com cerca de 1500 refletores com lâmpadas de 2000 watts cada marcou a corrida. Mas, quase um ano depois, o que ficou na memória de todos foi a batida de Nelsinho Piquet na 14ª volta.
O acidente do brasileiro provocou a entrada do safety car, que foi perfeito para a estratégia arriscada de seu companheiro de equipe, Alonso, que tinha largado em 15º e com pouco combustível. Após pular para as primeiras posições e com um bom desempenho no restante da corrida, o espanhol acabou vitorioso.
O que ninguém sabia na época é que a batida de Nelsinho foi proposital. A verdade sobre aquela corrida só foi revelada recentemente pelo próprio brasileiro. Depois de ser demitido da Renault, em agosto, o filho do tricampeão Nelson Piquet procurou a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) para desmascarar o episódio.
Antes da prova, Flávio Briatore e Pat Symonds, ex-chefe de engenharia da equipe francesa, se reuniram com o brasileiro e sugeriram que ele batesse seu carro para favorecer Alonso. Os dirigentes indicaram até a volta e o ponto da pista em que o brasileiro deveria sofrer o acidente. Nelsinho entendeu a mensagem de seus ex-chefes: se colaborasse com o plano, manteria seu emprego como piloto titular da equipe.
Durante aquela conversa, eu estava em um estado mental e emocional muito frágil, disse Nelsinho em declaração entregue à FIA no início de setembro. Quando me pediram para bater, aceitei porque esperava que isso melhorasse a minha posição dentro da equipe.
Na última segunda-feira, a FIA julgou a Renault e todos os envolvidos no caso, considerado o maior escândalo da história da Fórmula 1. Apontado como principal responsável pela trama, Briatore foi banido do esporte, proibido de ser empresário de pilotos e sequer de pisar em um autódromo que esteja recebendo qualquer tipo de evento automobilístico.
Já Symonds recebeu uma suspensão de cinco anos. Por contribuírem com a investigação, Nelsinho e Alonso foram inocentados. A Renault foi advertida e não terá de cumprir pena por ter admitido a culpa, mas fica sujeita ao banimento caso tenha novas irregularidades nos próximos dois anos.
Cingapura 2009 – Em um campeonato marcado pelo equilíbrio, o GP de Cingapura, 14º da temporada, pode ser crucial na briga pelo título. Quatro pilotos ainda têm chances de ser campeão.
O inglês Jenson Button lidera com 80 pontos, 14 a mais que o brasileiro Rubens Barrichello, seu companheiro na equipe Brawn GP. O alemão Sebastian Vettel e o australiano Mark Webber são os azarões: os pilotos da Red Bull estão, respectivamente, 26 e 28,5 pontos atrás do líder.
Além dos quatro pretendentes ao título, o bom rendimento dos carros da McLaren e Ferrari nas últimas provas aponta que a disputa pela vitória será apertada. Por ser um dos circuitos com maior número de curvas da temporada, uma boa posição de largada será fundamental.
No ano passado, o brasileiro Felipe Massa foi o pole position. Ele liderava a corrida até entrar nos boxes. Depois de um erro da Ferrari, o piloto saiu dos boxes com a mangueira de reabastecimento presa ao carro, o que acabou comprometendo sua prova e beneficiando Alonso, que terminou como vencedor.

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