Menos de uma semana após assumir o cargo de ministro da Educação na vaga de Abraham Weintraub, Carlos Alberto Decotelli deve deixar o comando da pasta no governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Em reunião realizada na tarde desta terça-feira (30), no Palácio do Planalto, Decotelli formalizou seu pedido de saída ao entregar uma carta de demissão sem nem mesmo ter tido uma cerimônia oficial de posse, até então prevista para hoje. O professor havia assumido o cargo no último dia 25. Bolsonaro teria concordado com o pedido, conforme o ainda ministro disse à “Folha de S.Paulo”.
A iminente saída veio após instituições de ensino, tanto do Brasil quanto do exterior, terem desmentindo a existência de títulos que o agora ex-ministro exibia em seu currículo.

O presidente Jair Bolsonaro já busca um sucessor com a intenção de empossá-lo até sexta-feira (3). Estão na disputa Anderson Correia, atual reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA); o secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, o ex-assessor do MEC Sérgio Sant’Ana e o conselheiro do Conselho Nacional de Educação (CNE) Antonio Freitas, que é pró-reitor na FGV e cujo nome aparecia como orientador do doutorado não realizado por Decotelli.

O novo escolhido será o quarto ministro da Educação do governo em pouco mais de um ano e meio, já que o primeiro foi Ricardo Velez Rodriguez. A ala olavista quer se aproveitar da situação embaraçosa para emplacar um nome no MEC novamente.

Inconsistências

Decotelli foi alçado ao cargo com apoio da ala militar, após a situação de Weintraub se tornar insustentável por ofensas e ameaças proferidas por ele aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Com estilo pacificador, Decotelli teria a missão de justamente transformar a cara do ministério depois da atribulada passagem de seu antecessor.

Mas os problemas envolvendo seu currículo na plataforma Latter começaram logo no dia 26, quando a Universidade de Wüppertal, na Alemanha, desmentiu que ele tivesse feito um pós-doutorado na instituição. Constava, de fato, apenas uma pesquisa na universidade em 2016, realizada por três meses, mas sem a emissão de um título.

Na mesma plataforma, o ex-ministro chegou a alterar um trecho de seu currículo depois que o reitor da Universidade Nacional de Rosário, na Argentina, revelou que ele não tinha o título de doutor pela instituição.

Nesta terça veio o golpe derradeiro contra o professor, quando a Fundação Getúlio Vargas (FGV) emitiu nota para negar que ele tenha composto seu quadro de professores entre 2001 e 2018, conforme constava em seu currículo. A FGV esclareceu que ele atuou como professor colaborador “apenas nos cursos de educação continuada, nos programas de formação de executivos”.

Há ainda acusações de que Decotelli tenha plagiado trechos da dissertação de mestrado apresentada em 2008 na própria Fundação. apesar de o ex-ministro ter negado que tivesse tido a intenção de fraudar o trabalho.Recomendadas

Fonte: O Tempo Online

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