O início de
2020 traz o término do primeiro ano de governo do presidente Bolsonaro. É
importante ressaltar que é um governo eleito democraticamente, mas ao qual não
se pode poupar críticas. Desde o nepotismo até as posturas inconstitucionais e
violadoras do livre exercício da atividade de imprensa.
No Brasil, é importante
lembrar que a função constitucional da Instituição Presidência da República é
dupla: a de representação da República Federativa do Brasil e a de chefia do
Poder Executivo.
Houve a liberação de
entrada de norte-americanos no Brasil sem a devida reciprocidade naquele país.
Houve a atitude de tentar
nomear o próprio filho como embaixador do Brasil nos Estados Unidos,
apresentando como única qualificação o fato de que o candidato a diplomata sem
carreira sabia fazer hamburguer. Sendo este o início de um desastre absurdo nas
relações internacionais brasileiras.
Interferiu em assuntos
internos do conflito judeus e palestinos, que já é tão sério, promovendo um
reconhecimento de capital de Israel completamente fora da pauta que vinha sendo
conduzida pelos diplomatas brasileiros. De forma completamente desnecessária,
já que poderia manter ótimas relações com Israel sem essa atitude.
Interferiu, emitindo
opiniões no processo eleitoral da Argentina, ao escolher de antemão um
candidato que foi derrotado nas urnas, provocando o maior constrangimento em
termos de diplomacia internacional para o Brasil, já que na posse do presidente
argentino o presidente brasileiro, humilhado pela própria arrogância, não pôde
se fazer presente. E a situação diplomática atual é uma derrota do Governo
Bolsonaro.
A atitude do presidente
brasileiro em termos de diplomacia internacional é um claro movimento contrário
à tendência mundial que é a organização em blocos para se proteger da
globalização ocasionada pelo avanço tecnológico o que torna incipientes as
fronteiras nacionais de modo que a formação dos blocos econômicos regionais
conduz à proteção dos países.
Um exemplo da importância
da participação em blocos econômicos está no exemplo da Grã-Bretanha que, após
iniciar os procedimentos para o Brexit (saída do país da União Europeia), teve
os investimentos internacionais reduzidos.
Por fim, o tratamento
contínuo dado pelo presidente da República aos repórteres demonstra sua clara
atitude de desrespeito não à imprensa, mas ao povo a quem ela se reporta. Ao
indagar um repórter se “…sua mãe pegou recibo de seu pai…” ou afirmar de
modo jocoso que o repórter tem “…cara de homossexual…” demonstra
total falta de respeito ao povo a quem aqueles profissionais irão se reportar.
E o mais grave, tratar PAULO FREIRE, um dos intelectuais brasileiros mais
respeitados no mundo, de modo que demonstra como o próprio presidente é um
energúmeno, no sentido mais “Aureliano da palavra”.
Não resta dúvida de que o
Brasil retrocedeu. E está, aos trancos e barrancos, assimilando e incorporando
a principal lição da democracia: É ERRANDO QUE SE APRENDE.