O diagnóstico precoce do vírus Influenza A H1N1 pode ser fundamental na recuperação de uma pessoa infectada. Para especialistas, pacientes devem ficar atentos aos sintomas – similares a um grupo grande de outras doenças, como diversas viroses e até mesmo dengue e zika –, e médicos precisam estar preparados para acertar o diagnóstico o mais rápido possível, uma vez que as primeiras 48 horas são essenciais para o tratamento.

Para a médica Virgínia Zambelli, diretora da Sociedade Mineira de Infectologia, o importante é perceber o momento certo para buscar atendimento médico, evitando exposição a outros doentes sem necessidade. “É preciso saber diferenciar a gripe de um resfriado. O resfriado tem sintomas bem mais leves, enquanto a gripe provoca dores no corpo mais fortes e quase sempre com febre. É importante pensar em procurar assistência médica quando, além dos sintomas comuns, o paciente começar a perceber uma dificuldade respiratória anormal”.

Erros de constatação por médicos também podem ser prejudiciais. Em São Paulo, por exemplo, onde 70 pessoas já morreram, uma das vítimas, um homem de 48 anos, foi diagnosticado em um primeiro momento com faringite. Em outro homem, de 51 anos, também foi diagnosticado problema na garganta, e ele passou os cinco primeiros dias tomando anti-inflamatório antes de falecer.

Em Minas, ainda não há relatos de erros do tipo. O Conselho Regional de Medicina (CRM-MG) também não quis se pronunciar sobre o grau de preparo dos profissionais do Estado. Mas para um diagnóstico mais fidedigno da doença, é recomendado o uso de testes rápidos do vírus Influenza A H1N1 quando há sintomas da gripe.

Segundo a infectologista do Grupo Hermes Pardini Marilene Lucinda, esses testes costumam ficar prontos em menos de 48 horas. “A indicação é que o remédio (Tamiflu) seja usado durante esse período inicial. Após esse tempo, ele pode ter uma menor eficácia”, explicou.

Apesar de afetar qualquer um, o H1N1 pode trazer consequências mais graves ao grupo de risco, formado por idosos, gestantes, crianças e pessoas com doenças autoimunes. Neles, as chances de evolução para pneumonia e insuficiência respiratória são maiores. “Exposto, todo mundo está. O que faz diferença é que as complicações podem ser piores para esse grupo de risco. E o diagnóstico precoce é importante para evitar que se torne uma doença mais grave”, salientou a infectologista e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Marise Fonseca.

Vacinas

Outro fator importante para prevenção é a vacina. Em BH, a campanha da rede pública começa no dia 30 e é restrita aos grupos de risco. Com isso, dia após dia, milhares de pessoas estão lotando clínicas particulares em busca de imunização.

Somente neste domingo, durante um mutirão do Hermes Pardini, no bairro Funcionários, na região Centro-Sul, foram aplicadas mil doses entre 7h e 19h. Desde março, somente nas sedes do laboratório na região metropolitana, 19 mil pessoas foram vacinadas.

Imunizado

De acordo com especialistas, a vacina começa a ter efeito em até 20 dias após a aplicação. O inverno, ápice da doença, começa em 21 de junho. As contraindicações para a vacina são para menores de 6 meses e alérgicos graves a ovos.

 Falta de vacina

Com a correria de parte da população em busca de imunização, vacinas contra o Influenza chegaram a faltar em Belo Horizonte durante a semana passada. Agora, três clínicas procuradas pela reportagem afirmaram ainda ter doses do produto. Porém, não garantem que os problemas registrados anteriormente não vão se repetir. A justificativa é a demanda acima do normal.

Laboratórios

A reportagem procurou também três laboratórios responsáveis pela fabricação da vacina no Brasil. Só um deles, a Abbott, respondeu. De acordo com a empresa, “todos os anos, os volumes de produção são baseados na demanda do ano anterior” e que neste ano a empresa “foi a primeira a trazer a vacina ao país”. A Abbott não informou, porém, se está intensificando a fabricação dos produtos.

Campo Belo começa vacinação

Campo Belo, no Sul de Minas, foi a primeira cidade do Estado a iniciar a campanha pública de vacinação. De acordo com a prefeitura, 13 mil doses foram enviadas para o município e estão sendo distribuídas para as pessoas que fazem parte dos grupos de risco.

A medida, segundo o Executivo, foi tomada após três pessoas morrerem com suspeitas da doença. Nenhum dos casos, no entanto, ainda teve a confirmação laboratorial.

Outras cidades no Sul de Minas, como Poços de Caldas e Lavras, devem também antecipar a campanha. Em Frutal, no Triângulo, a campanha deve ser iniciada ainda nesta semana.

Número de mortes sobe 43% no país

Em uma semana, as mortes por gripe H1N1 no Brasil subiram 43%. Na semana passada, eram 71 óbitos; já no boletim epidemiológico do Ministério da Saúde divulgado nesta segunda, esse número passou para 102. Já os casos notificados passaram de 444 para 686, alta de 54%.

São Paulo continua sendo o Estado que mais preocupa, com 534 notificações e 70 mortes. Na semana passada, eram 372 pacientes com suspeita de H1N1 e 55 óbitos. Santa Catarina aparece em seguida, com 22 casos e três mortes. Em nove Estados, não houve nenhum registro de H1N1 até o momento. Todos são do Norte ou Nordeste.

Em Minas Gerais, dez pessoas já foram contaminadas com H1N1. Dessas, cinco foram em Frutal, no Triângulo Mineiro, onde ocorreram as duas mortes até agora.

Levando-se em consideração todos os casos de síndrome respiratória aguda provocados também por outros tipos do vírus Influenza, o aumento no Brasil foi de 77%. Eram 3.362 na semana passada, e, agora, já são 5.970. Já o número de mortes passou de 339 para 509, uma alta de 50%.

 

Fonte: O Tempo||http://www.otempo.com.br/cidades/demora-no-diagn%C3%B3stico-eleva-risco-de-morte-por-h1n1-1.1277492

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