Nos dias 6 e 7 de agosto, Formiga sediou mais uma etapa do Festival Nacional da Canção (Fenac). O evento foi realizado na praça São Vicente Férrer, debaixo de muita polêmica. Houve um impasse sobre a cobrança de ingressos, sobre o fechamento da praça, sobre a liberação de alvarás e de outros fatores.
Apesar de todo o impasse, o Fenac ocorreu normalmente. Entretanto, na semana passada, a organização do festival comunicou que Formiga não mais sediará o evento e que a decisão é irreversível.
De acordo com a secretária de Cultura, Maria Andrada, o coordenador do Fenac, Gleiser Naves, ligou para ela agradecendo e disse que não teve como vir este ano por que ele foi operado, disse também que não tinha uma notícia muito agradável e que não iria mais trazer o festival para Formiga o ano que vem, porque haviam poucos incentivadoras na cidade e que sentia uma dificuldade muito grande.
Segundo a secretária, o organizador disse que ?dá a impressão de que Formiga está fazendo o favor de receber o festival e que em todas as cidades as pessoas nos tratam com carinho, com maior entusiasmo não tem nenhum tipo de incidente e que, em Formiga, é como se fosse um evento separado da Prefeitura e que sentia uma resistência muito grande?.
Gleiser Naves disse à Maria Andrada que, aqui, os secretários não são unidos, cada um pensa em uma coisa não ajuda o outro e que só Formiga pagava R$30 mil para a realização do Fenac, as outras cidades estavam pagando de R$35 mil a R$45 mil. Ele se disse muito aborrecido, mas a secretária questionou que ?ele só recebeu recados porque ele não veio ao festival este ano, ele ouviu um acumulado dos fatos da turma que estava aqui? .
Sobre a decisão, Maria Andrada comentou o seguinte: Eu entendo ele e acho também que é uma tremenda dificuldade, porém eu fico muito triste, porque sou uma das maiores fãs desse festival eu acho que é um ganho enorme para a cidade em qualidade, em tudo. Eu acho que a gente devia se esforçar para fazer eventos de qualidade e o festival é um desses eventos de qualidade, então, eu fico muito triste de perder o festival, foi uma luta muito grande para trazer o festival aqui para Formiga e eu sempre gostei, todo ano era super bacana e este ano foi desse jeito, justamente os quarenta anos, e ficamos tristes de não ter recebido o apoio da Prefeitura e nem da população? .
Questionada sobre a desorganização nos dias do festival em Formiga, a secretária disse que ?hora nenhuma ninguém falou da desorganização da Cultura, ele [o Gleiser, coordenador] falou da desorganização da Prefeitura? . Maria Andrada disse que, no ano passado, ganhou um prêmio de incentivadora do festival, um troféu que a organização entrega todo ano para alguém que se destaque na dedicação e em todos os aspectos.
Quanto à desorganização por parte da equipe do Fenac, Maria Andrada relembrou que, de fato, houve alguns problemas, por exemplo, ?o pessoal da organização do Fenac achou que a praça Ferreira Pires era na praça da Matriz e fizeram uma confusão e, por causa, disso eles mandaram um ofício pra gente ligar a luz em um lugar onde eles não queriam, a gente conversou na mesma hora e resolvemos o problema, não houve nenhum problema e nenhuma consequência esse fato, mas, houve sim uma certa desorganização da parte deles?, contou a secretária.
Maria Andrada ainda alegou que ?o Gleiser ouviu o lado da organização, ele não ouviu o nosso lado, então eu estou imaginando que eles estão juntando todos os probleminhas que teve e jogar em cima da gente, eu não queria usar a palavra desorganização da parte deles eu queria dizer que foi uma coisa de última hora.
Opinião do organizador do Fenac
Procurado pela redação do jornal Nova Imprensa e do portal Últimas Notícias para falar sobre a decisão de cancelar o Festival Nacional da Canção em Formiga, o coordenador do Fenac, Gleiser Naves, contou que foram alguns fatores que os fizeram tomar essa decisão. ?Apesar de a gente estar ciente de que Formiga, de todas as cidades, é a mais expressiva culturalmente na música, no teatro, para nós foi uma surpresa agradável trabalhar em Formiga, apesar disso, tivemos problemas estruturais, com o fechamento do clube [sede social do Clube Centenário, onde era realizado o festival e agora está proibida a realização de eventos no local] ficamos sem espaço para realizar o Fenac? . Ele alegou ainda sobre o problema da retirada das tendas, porque não podem correr o risco de fazer um evento que possa não ser realizado, em caso de chuva, por exemplo, que não conseguiram achar um lugar apropriado para fazer o evento.
?Em segundo lugar, nós detectamos dentro da Prefeitura que tem uns que são contra e outros a favor, algumas secretarias disseram que tinham coisas mais importantes a serem feitas, por isso, em um ambiente desses, não é possível de realizar um festival. Nós gastamos mais ou menos R$120 mil ou R$130 mil só nessa fase em Formiga e recebemos da parte da Prefeitura R$30 mil, nós é que captamos o restante. Temos umas correntes que são contrárias, que tentam dificultar o evento. Diante disso, nós preferíamos atender outras cidades, são mais de 12 cidades pedindo pra sediar o evento. Houve um desacerto, porque a secretária de Cultura não estava presente? .
Questionado sobre a polêmica da doação de ingressos para os músicos vencedores do Festifor, Gleiser Naves disse que ?se houvesse ingresso pago, nos iríamos doar, mas, como não houve, como nós vamos doar ingresso se a entrada é franca?? . A redação indagou que o impasse ocorreu até a véspera do Fenac e que ficou um ?disse não disse? e o organizador alegou que isso foi decidido nas vésperas do festival porque a própria Prefeitura é que interditou o local. ?O local ia ser todo fechado com tendas como aconteceu em Pouso Alegre, por exemplo, Lá, não houve problema algum. Em Formiga, tivemos que abrir e, com a abertura, não houve a venda de ingressos e nem distribuição de ingressos? .
O coordenador também negou desorganização por parte da equipe do Fenac e, a respeito da programação, ele argumentou: ?nós é que temos que distribuir na tenda do festival. Lá, na Secretaria de Cultura, não adianta muito, porque a Maria [Andrada] não estava lá, não adiantava mandar pra ela. Nós passamos esta programação completa com muita antecedência. A Maria não teve acesso é porque o pessoal dela não passou pra ela. Nós temos toda documentação aqui que foi passado pra Secretaria de Cultura com muita antecedência? .
Entretanto, a redação do jornal Nova Imprensa e do portal Últimas Notícias foi testemunha de que a programação não constava no site oficial do Fenac até na quarta-feira véspera do festival, que seria na sexta-feira. A secretária de Cultura ligou para a organização do evento na frente da equipe de reportagem solicitando a programação para passar para a imprensa, porque todos os veículos estavam solicitando e ela não tinha acesso, e a pessoa da organização disse que enviaria para o e-mail da secretária e ela encaminharia à redação, o que não ocorreu.
Entenda sobre a polêmica
Sobre a venda de ingressos, a polêmica começou porque, inicialmente, o evento seria em local fechado, como todo ano. Assim, quando houve o 1º Festival da Canção de Formiga (Festifor), realizado nos dias 12 e 13 de maio, foi prometido aos vencedores que eles receberiam uma quantidade de ingressos (algo em torno de 200 para cada um) para serem vendidos e o dinheiro retornado em beneficio próprio.
Entretanto, depois decidiu-se que o evento seria em praça pública, sem a cobrança de ingressos. Porém, às vésperas da fase do Festival da Canção em Formiga, surgiu um dilema, pois, segundo a secretária de Cultura, Maria Andrada, a organização do Fenac sempre faz um projeto social nas cidades-sede e, se não fosse cobrada a entrada, não teriam como cumprir esta parte de ajudar a instituições de caridade. Assim, a organização do Fenac negociou com a maçonaria que seriam cobrados R$2 a título simbólico para que depois o dinheiro fosse doado a alguma entidade. Se então haveria a cobrança, reascendeu a polêmica sobre a doação de ingressos para os vencedores do Festifor. Além disso, a organização do evento negou que houvesse a promessa de doar os ingressos aos vencedores do Festifor.
Houve desorganização e desencontro de informações sobre esse e outros assuntos relacionados ao Fenac. Com a polêmica sobre a venda de ingressos, para permitir a cobrança seria preciso fechar a praça São Vicente Férrer. Foi quando começou outro embate. Decidiu-se que seria montada uma tenda (como de circo) para a apresentação dos músicos.
A secretária de Cultura assumiu na ocasião que estava havendo desorganização em muitos quesitos e que, inclusive o pessoal do Fenac não havia passado a programação e nem mesmo os documentos para a liberação dos alvarás para a realização do evento.
Faltando apenas três dias para o evento, a programação das atividades paralelas ao Fenac não se encontrava no site oficial do Festival da Canção. Nem a Secretaria de Cultura e nem mesmo a Secretaria de Comunicação, que deveria informar à população, tinham acesso à relação das atividades e locais.
Na véspera do evento, quando estavam sendo montadas as tendas para a realização do Festival da Canção, foram detectados alguns problemas durante a fiscalização para a liberação de laudo, sendo da Defesa Civil e laudo ambiental. As tendas estavam cercadas com tapumes. Para montar esta estrutura, furaram até buracos no piso de concreto na praça São Vicente Férrer. Devido à falta de tempo hábil para a obtenção do alvará do Corpo de Bombeiros, a organização do Fenac decidiu retirar os tapumes. A Defesa Civil determinou também a retirada de uma lona plástica que fechou o entorno das tendas, sob a alegação de que o material inflamável colocaria em risco eventual os participantes do Fenac.

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