Dois jornalistas da agência de notícias Reuters foram libertados pelo governo de Mianmar, depois de terem passado mais de 500 dias presos por descumprir um ato de segredos oficiais.

Wa Lone, 33, e Kywan Soe Oo, 29, tinham sido condenados em setembro de 2018 a sete anos de prisão, em um caso que levantou questões a respeito da evolução do país em direção à democracia e que gerou manifestações de diplomatas e ativistas de direitos humanos.

Eles foram libertados em uma anistia presidencial dada a 6.520 prisioneiros nesta terça-feira (7). O presidente Win Myunt perdoou milhares de outros prisioneiros desde o mês passado. É comum que as autoridades livrem prisioneiros na época do Ano Novo, que começou no dia 17 de abril.

A Reuters afirma que os dois não cometeram nenhum tipo de crime e pediu sua libertação.

Saída da prisão

Abordados por jornalistas e por apoiadores enquanto atravessavam os portões da cadeia de Insein, Wa Lone disse estar grato pelos esforços internacionais para garantir sua liberdade.

“Estou muito feliz e animado para ver minha família e meus colegas. Não consigo nem esperar para ir para a redação”, ele disse.

Kyaw Soe Oo sorriu e acenou para os jornalistas.

Os dois foram então levados por colegas da Reuters e se reuniram com as suas mulheres e filhos.

Reportagem ganhou prêmio de jornalismo

Antes da prisão em dezembro de 2017, os dois trabalhavam para investigar o assassinato de muçulmanos rohingya. Esse é um grupo sunita, fala um dialeto de origem bengali de uma parte de Bangladesh, de onde são originários.

Apesar de viverem em Mianmar, são apátridas, porque o país lhes nega a cidadania.

Os dois jornalistas da Reuters publicaram um texto em que descreviam a morte de dez rohingya, inclusive crianças, por forças de segurança e civis budistas em um estado no oeste de Mianmar, durante uma ação militar em agosto de 2017.

A operação forçou a emigração de 730 mil pessoas para Bangladesh, um país vizinho de maioria muçulmana. Os dados são da ONU.

O texto de autoria dos dois jornalistas, que trazia depoimentos dos autores dos crimes, testemunhas e de parentes das vítimas, ganhou o prêmio Pulitzer de reportagem internacional.

Pedidos de entrevista feitos ao governo de Mianmar não foram respondidos imediatamente.

O editor chefe da Reuters, Stephen J. Adler, recebeu bem a notícia. “Estamos muito contentes que Mianmar tenha libertado nossos repórteres corajosos. Desde a prisão deles, há 511 dias, eles viraram símbolos da importância da liberdade de imprensa no mundo inteiro. Eles são bem-vindos no seu regresso.”

O secretário geral da ONU, Antonio Guterres, ficou aliviado ao receber a notícia, de acordo com um porta-voz.

 

 

Fonte: G1||

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