Não é preconceito, é choque de realidade. Com o fim da Copa do Mundo, o futebol brasileiro volta suas atenções para competições nacionais e sul-americanas. Nada se compara à organização da milionária competição da Fifa e, por isso, torcedores, atletas e profissionais de imprensa vão demorar alguns dias para retomar os hábitos normais.
A sensação é popularmente chamada de ?depressão pós-Copa?. ?É de se esperar, sim, certo desânimo. Foram feriados, mudança na rotina, festas e comemorações. Voltar à rotina nos leva para o real novamente e a volta para o real não é fácil, ainda mais depois de um evento grande como a Copa, em que o investimento emocional é grande, aliado a inúmeras expectativas que foram criadas?, explica a psicoterapeuta sistêmica, Camila Lobato.
Não tem jeito. Acabou toda aquela preparação para ir aos estádios, não há mais praças de exibição em telões e as folgas no trabalho terminaram. Os resquícios da Copa ficarão nas pinturas de muros e nos enfeites pelas ruas, findados a desmanchar com o tempo.
Dois dias depois de narrar a final da Copa do Mundo, no Maracanã, o locutor esportivo Milton Naves, da Rádio Itatiaia, voltou a assumir o microfone para relatar América e Paraná, no Independência, pela Série B do Campeonato Brasileiro.
?É lógico que não é igual. Mas, independentemente do jogo, é o nome da rádio que está em jogo. Sem demagogia. Na quarta (16), no Independência, o elevador estava em manutenção, mas o gramado estava perfeito. O público foi de 3 mil pessoas, são torcedores que sempre vão, mas que estavam com saudades do time?, compara Naves, que narrou dez jogos no Mundial do Brasil, a oitava Copa do Mundo dele.
Pelas redes sociais, o assunto está na lista de debates. ?Estou comendo uma barra de chocolate por dia desde que acabou a Copa. Isso configura depressão pós-Copa, sim?, comentou uma usuária pelo Twitter.
Mas os especialistas ressaltam que a situação é passageira. ?A frustração é grande, mas tem um período de latência. Uma semana depois, o torcedor já está readaptado. Ele elege um ranking de prioridades dentro do padrão brasileiro e cria novos valores?, destaca o psicopedagogo Luiz Carlos de Moraes.

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