A ligação entre trabalho e saúde mental pode ser mais importante do que os cientistas imaginavam. Segundo um estudo realizado por pesquisadores norte-americanos, pessoas que ficaram desempregadas por mais de sete meses em 2011 apresentaram mais chances de vivenciar experiências de insanidade mental pela primeira vez.
Arthur Goldsmith, pesquisador e professor de economia da Universidade de Washington e Lee, no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, afirma que o grupo de cientistas descobriu que pessoas expostas por longos períodos à situação de desemprego têm três vezes mais chances que os empregados de sofrerem o primeiro episódio de angústia ou aflição mental.
A equipe liderada por Goldsmith em parceria com Timothy Diette, da Universidade de Washington, Lee Darrick Hamilton, da New School University, e Willian Darity, da Duke University.
Os pesquisadores analisaram grupos de pessoas que nunca haviam tido experiências de insanidade mental antes do estudo.
Para os cientistas, os problemas mentais parecem surgir do senso de utilidade proporcionado pelo trabalho e, em consequência, da sensação de inutilidade que as pessoas podem sentir sem ele.
Goldsmith afirma que quando uma pessoa é exposta a longos períodos de desemprego, ela começa a sentir que perdeu a capacidade de sustentar a si mesma e de cuidar de sua família. Essas pessoas se preocupam com seus futuros, afirma o pesquisador.
Descobertas
Entre os resultados, os cientistas descobriram que pessoas que pertencem a grupos minoritários, bem como aqueles que possuem um alto nível educacional, apresentam índices maiores de episódios de angústia e aflição mental gerados pelo desemprego.
O relatório final do estudo foi apresentado em outubro, em um congresso promovido pela Associação Norte-americana de Psicologia, sobre os benefícios do emprego e os impactos da falta dele.
Ainda segundo o pesquisador, a sanidade mental está longe de ser o único problema proveniente do desemprego.
Durante as recessões econômicas, afirma o cientista, é possível notar uma variação nos índices de divórcio, que aumentam radicalmente.
Além disso, o número de casamentos diminui, e crianças cujos pais estão desempregados têm desempenhos piores na escola e tendem a apresentar problemas comportamentais, explica Goldsmith.
Para o cientista, o emprego é um dos pilares da sociedade, e é preciso movimentar a economia nesse sentido com certa urgência.
Em 1985, outro estudo já indicava o aumento de casos de depressão e ansiedade em homens desempregados.
Crise atrapalha outras áreas
O problema do desemprego é sempre um foco das economias mundiais.
Com a crise nos países da europa, como Grécia e Itália, o índice de vagas no governo cortadas devido a políticas de cortes de gastos pode acabar atrapalhando outras áreas da sociedade, como a saúde.
Nos Estados unidos, o índice de desemprego hoje está em 9% da população trabalhadora (14 milhões de pessoas). De 1948 a 2010, esse índice girou em torno de 5,7%.

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