Quero empreender, montar uma fábrica de camisetas, jeans, moletom”, disse um dos cinco detentos do Presídio de Divinópolis que tem trabalhado na confecção de roupas dentro da unidade prisional.

A ação é desenvolvida em uma parceria entre o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) e a empresa de moda Clothify Denim e, segundo a diretora do presídio, Elisabete Pinheiro Fernandes, é algo positivo para a ressocialização.

“A gente quer que esses presos saiam daqui melhores. Que eles tenham consciência sobre o erro e também sensibilizados com a importância de trabalhar. Esse trabalho é muito importante para eles, já que também podem ocupar a cabeça”, contou a diretora.

Além da questão de ocupar os detentos, os serviços também auxiliam na redução da pena já que, conforme a diretora, “o preso que trabalha tem a cada três dias trabalhados um dia remido da pena. O objetivo principal do preso trabalhar é isso, a remição da pena, mas também para eles saírem da cela”.

Esse desejo não é só da diretora, já que um dos detentos, de 28 anos, contou que trabalhou na área antes de ser detido e quer retornar ao serviço depois.

“Antes de ser admitido no sistema, eu era cortador têxtil. Aqui, aprendi a costurar, nas máquinas. Quando sair, quero voltar a trabalhar na área e fazer a diferença”, contou o jovem.

A diretora ainda disse que confia que os detentos podem ter chances na empresa após serem liberados. “Sempre mandam um instrutor das 8h às 12h que ensina os detalhes aos detentos. Então, ela [a empresa] não vai perder essa mão de obra, ele está qualificado”.

O proprietário da empresa, Raphael Soares, conta que deseja continuar a trabalhar com os detentos futuramente. “Eu estou incentivando um deles a empreender, que vai ter parceria comigo, vai prestar serviço para mim, mas isso é um projeto futuro”.

Outras ocupações

Essa, porém, não é a única ocupação dos detentos dentro da unidade prisional. “A gente tem detentos trabalhando nas confecções aqui desde quando nós inauguramos. Eu entrei em 2003, antes de ser diretora, e já tinham presos trabalhando em confecção. Então pelo histórico aqui é desde o ano 2000, sendo que o presídio foi inaugurado em 1998”, comentou a Elisabete.

Além da confecção de roupas, há outros galpões de produção. Entre eles, está a produção de máscaras de proteção, que segundo a diretora “são produzidas mais de mil máscaras por dia, que são distribuídos pelo programa Minas Consciente”.

Já no terceiro galpão, são produzidos lençóis, por cerca de 15 a 20 detentos e que são distribuídos para todas as unidades prisionais do Estado de Minas Gerais.

“Nós recebemos bilhetes dos detentos solicitando para que eles possam trabalhar na unidade. São poucas vagas e, assim como em todo o Brasil, há uma superlotação carcerária, então acaba tendo uma lista de espera para trabalhar. Eles querem muito trabalhar, mas também é preciso bom comportamento e disciplina”, detalhou a diretora.

Fonte: G1

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