Nesta sexta-feira (14) é lembrado o dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), de acordo com o jornal Hoje me Dia, a doença já é a primeira causa de morte por enfermidade entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos no país. O maior desafio é identificar o tumor em seu estágio inicial. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, a expectativa é de 780 novos casos para 2020.

“Embora na criança o câncer apresente manifestações inespecíficas e comuns a várias doenças, alguns sinais e sintomas persistentes alertam para o diagnóstico, tais como: febre de origem indeterminada, fraqueza muscular, dor óssea ou articular recorrente, irritabilidade, cefaléia persistente, manchas roxas pelo corpo e distensão abdominal com massa palpável”, explica a oncohematologista pediatrica do Hospital das Clínicas da UFMG Karine Corrêa Fonseca, ao Hoje em Dia.

Caso a criança ou adolescente apresente algum desses sintomas, o ideal é procurar um médico para avaliar o quadro. “Em geral, são realizados exames laboratoriais como hemograma, exames de imagem e a avaliação da medula óssea  para fechar o diagnóstico e programar o tratamento do paciente”, explica Karine.

As principais modalidades de tratamento são cirurgia, quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. Em geral, os tratamentos de primeira linha estão disponíveis no SUS.

Embora os tumores sejam geralmente esporádicos e sem causa definida, é possível, em uma parcela dos casos, determinar um grupo de risco para o desenvolvimento dos tumores na infância. “Crianças com doenças genéticas, malformações congênitas, imunodeficiência congênita ou adquirida, algumas infecções virais crônicas e, em menor proporção, questões ambientais, são alguns fatores de risco para o desenvolvimento da doença”, pontua a oncohematologista.

Nesses casos, há indicação de acompanhamento com oncohematologista pediátrico e realização de exames de rotina, como laboratoriais e de imagem, dependendo de cada caso. 

Um bom acompanhamento pediátrico de rotina, orientação sobre alimentação saudável, vacinação em dia, e orientação sobre fatores de risco ambiental como exposição excessiva ao sol, tabagismo e abuso do álcool por adolescentes podem ser cruciais para prevenir o câncer.

História de superação

A pequena Sara Essaradi foi diagnosticada em 2016, quando tinha sete anos e meio, com Leucemia Mieloide Aguda do tipo M2. Esse tipo de doença é rara em crianças e comum em adultos. Segundo a mãe da menina, Cristiane Silva, o primeiro sintoma da doença foi vermelhidão e dor no braço esquerdo.

Sarah Essaradi antes e depois da leucemia ( Foto; Reprodução/Arquivo Pessoal / N/A/via Hoje em Dia)

“Ela chegou em casa com o braço vermelho e com dor na região. Fomos ao pronto-atendimento, e ela foi examinada por um ortopedista. O diagnóstico foi de celulite, uma inflamação nas células da pele. O médico receitou um antibiótico para Sara e pediu para retornar assim que terminasse o remédio”, relata Cristiane ao Hoje em Dia.

Após várias consultas, inclusive com outros especialistas, Sara foi diagnosticada com leucemia. “Senti como um soco no estômago e o chão se abrir embaixo de mim. Eu não ouvia nada. Ela teve que repetir tudo”, lembra a mãe. O processo não foi fácil. “Ela não podia ter contato com outras pessoas. Eu tinha que esterelizar a casa com álcool, trocar roupa de cama dela todos os dias. Ela não podia comer nada que ficasse na geladeira ou exposto. A comida tinha que ser feita na hora, e mesmo com tanto cuidado, ela chegou a pegar uma infecção”, lembra a mãe. 

Após o tratamento com quimioterapia e a remissão da doença, o câncer voltou e a menina precisou de um transplante de medula.”Foi feita muita campanha para conseguir um doador para Sara, já que na família não tinha ninguém compativél 100%”. Para custear o tratamento, Cristiane contou com uma rede de ajuda grande. Foram vários bazares, almoços beneficentes e rifas. “Durante todo o processo, eu recebi o apoio nescessário. Não tive que preocupar com nada, apenas em cuidar da minha filha”, diz, lembrando, com orgulho da frase que sempre ouvia da menina: “Nunca choro mamãe, porque sei que vou melhorar”. 

Transplante

Por fim, em 2018, Cristiane foi a própria doadora da filha, com 50% de chance de compatibilidade. Agora, a doença não se manifesta mais. Sara já foi liberada para ir para a escola, toma menos remédios e está mais forte.Com 11 anos, ela está caminhando para o quinto ano de remissão, quando a cura é decretada definitivamente.

Esquadrão dos anjos

Para quem tem interesse em abordar o assunto de forma mais leve com as crianças, o livro “Esquadrão dos Anjos”, escrito pela jornalista Nalu Saad e pelo médico hematologista Vanderson Rocha, traz o tema de forma doce e consciente.

A narrativa é a primeira no Brasil que fala sobre o processo de transplante de medula óssea em crianças. O prefácio é assinado pelo ator Reynaldo Gianecchini, que passou por um transplante de medula após um câncer de linfoma não-Hodgkin. Além de comunicar um tema difícil para crianças, o livro ainda contribui para reforçar a importância da doação de medula.

 

Fonte: Hoje em Dia ||
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