Aproxima-se o momento do pleito. Paraquedistas de todos os cantos do país caem como suor de pobre em dia de bater laje. Sujam nossas casas, nossas ruas, nossas praças, como se qualquer lugar fosse um monturo. Com suas carinhas sorridentes e ternos caros, como dândis, estampados nos “santinhos” (entenda-se objeto embuziador, com fins aliciadores), jactam-se de um sem-número de “ações nobilitantes”, praticadas em nome do civismo e do cumprimento do dever puro e simples, adereçados, à tiracolo, por seus “apadrinhados” dessa ou daquela instituição que tenha feito por merecer sua dádiva, quase celeste, num momento de primordialidade premente.
Cooperadores bem remunerados e imbuídos do dever cívico desfilam com seus pavilhões, cantando louvores a seus eleitos em todas as esquinas da cidade, num pandemônio vibrante e matizado que hipnotiza os vulgos. Nas redes sociais não é diferente, a torpeza humana se revela em todo seu esplendor. Espancamentos verbais, descomposturas febris, aviltamentos de toda sorte e a desmoralização generalizada, fazem parte do cardápio para colocar no pedestal da honra, os “eleitos”.
As pessoas já começam a se engalfinhar, a se estripar, se achincalhar, demonstrando o quanto são suscetíveis aos “encantadores de plebeus”. Frases feitas, manipulações fotográficas, vídeos e gravações de toda espécie fazem parte do arsenal maquiavélico utilizado pelos nossos “santos” e seus séquitos de “anjos” defensores da verdade, em todos os meios de comunicação. Lá em cima, no limbo, os puros se refestelam na luxuosidade, no desregramento, na esbórnia que a contribuição financeira “espontânea” que o voto do populacho propicia.
De todas as maneiras possíveis, demonstram aos incautos aqui embaixo, o quanto é difícil ser daquela classe, o quanto eles sofrem por nós, tendo que comparecer, a tantas reuniões, conchavos, conluios, acordos, tríbofes, tramóias e outros tantos nomes que se dão a tais encontros. São tão vilipendiados e maltratados que a administração geral, para não ser injusta com essas magnânimas criaturas, lhes oferecem, a título de minorar esses dissabores a que são guindados, pequenos mimos, diga-se de passagem, insuficientes, que tornam-se um pequeno refrigério para suas pobres almas. É um apartamentinho deslumbrativo aqui, um carrinho importado ali, contribuição pra telefone, verbinha pra assessores, convênio médico, vale-educação-escola particular, vale-passagens aéreas de primeira classe, verba pra secretárias, dentistas, correios, alimentação, ternos italianos, funcionários, divulgação, assinatura de revistas, jornais, ajuda de custo, gasolina, motel de luxo, festinhas VIPs, etc., etc., etc.
Não convém colocar os pífios valores recebidos, nem os outros tantos apanágios, para não correr o risco de ruborizar o leitor. Isso dito percebe-se claramente porque tantas almas caridosas e inocentes aqui embaixo ficam penalizadas e decidem, a todo custo, “subir” pra ajudá-los nessesquefazeres árduos e fatigantes que é cuidar dos interesses do poviléu. Entendemos esse sentimento nobre e nos congraçamos a esses que, elevando seus cálidos petitórios aos céus, clamam para que a beatitude os alcance. Quase em lágrimas, rogo aos numes que continuem a deixar cair os fanicos para que nós, mera humanidade, tenhamos força para arrimá-los em seus exaurientes regabofes, enquanto continuamos gado, subservientes, caminhando para a imolação no “curral” eleitoral.

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