Na reunião da Câmara Municipal desta segunda-feira (27), foi lida uma carta que um doador de sangue enviou ao Legislativo mostrando sua indignação e pedindo providências. De acordo com a carta, na sexta-feira passada (24), assim como ocorre toda semana, os doadores que vão a Divinópolis para doar sangue ficaram esperando na porta da Santa Casa de Caridade de Formiga e em vários pontos da cidade e o ônibus que é cedido pela Secretaria de Cultura não passou para levá-los.
Procurada pela redação do jornal Nova Imprensa e do portal Últimas Notícias, a captadora de doadores de sangue da Santa Casa de Caridade de Formiga, Helena Maria de Oliveira, contou que havia 14 doadores esperando na porta do hospital e em vários pontos da cidade pelo ônibus e que, infelizmente, o motorista não apareceu. ?Isso é um constrangimento e uma falta de respeito com o doador, falta de respeito com o paciente que precisa do sangue, a gente necessita desse sangue que é doado, senão não chamaríamos as pessoas para irem. Muita gente deixa de ir trabalhar naquele dia, contando em ir ajudar a gente, e o que acontece, perde um dia de serviço, pois não receberá o atestado para abonar o dia de serviço dele, já que ele não foi doar o sangue. Ele volta pra casa e perde o dia de serviço. Aí, essa pessoa para de doar o sangue?, explica Helena Maria.
A captadora conta que sempre marca com todos os doadores às 6h nos pontos. ?Esse ônibus é fornecido pela Secretaria de Cultura, ele já é agendado toda sexta-feira ser exclusividade da Santa Casa para levar os doadores de sangue. Na quarta-feira, eu sempre ligo para o motorista, para confirmar a viagem de sexta, é de praxe a gente fazer isso e ele prefere assim, sempre combinamos antes para que não ocorra nenhum imprevisto. Na quarta-feira (22), liguei pra ele e ele me disse que tinha estragado uma peça e que chegaria na quinta-feira cedo, que arrumaria o ônibus ainda na parte da manhã. Eu disse pra ele que me avisasse na quinta-feira, mesmo que tivesse arrumado, dizer que estava tudo ok. Ele simplesmente não me ligou na quinta, não me deu nenhuma satisfação, nem a secretaria [de Cultura] não me comunicou nada, como providenciar outro veículo?.
?Isso é um descaso, uma falta de compromisso que fizeram com a gente. Fico chateada porque dou um ?duro danado? para conseguir esses doadores, mesmo já tendo doadores disponíveis, tem época que não podem ir, têm que ficar chamando outras pessoas que não são assíduas em doar sangue. A pessoa quase já não vai, quando aceita ir, o ônibus não aparece, causa transtornos, ela fica desmotivada. È uma questão de respeito mesmo pela causa, pelas pessoas. E aprendemos no treinamento no núcleo regional, em Divinópolis, que o doador é de extrema importância, deve ser tratado com muita consideração, com muita atenção, ser bem tratado e continuar colaborando?, diz Helena Maria.
?Nem liguei lá para saber o que tinha ocorrido, pois já tinha acontecido. Fiquei muito sentida, trabalhei o dia todo e toda hora eu chorava, com quanto descaso. Com isso, várias pessoas ficam prejudicadas, como doadores, Santa Casa e pacientes. Já estão cansados de saber e essa já é a terceira vez que eles dão o ?cano na gente?. Se o hospital fica com um quadro baixo de doadores lá no núcleo regional ficamos com dificuldade para recebermos sangue também, isso é norma do Hemominas de Belo Horizonte?.
Helena Maria revelou que, nesta quarta-feira (29), irá ligar para os doadores novamente, pois muitos podem não estar disponíveis para fazer a doação. Ela contou também que mandou uma carta para o prefeito Aluísio Veloso/PT e para a secretária de Cultura, Maria Andrada, mostrando sua indignação e a falta de respeito, mas que ainda não deram resposta.
Na Secretaria de Cultura
Também procurada pela redação, a secretária de Cultura, Maria Andrada, explicou que o ônibus pertence à Secretaria de Cultura para atender à Escola Municipal de Música Eunézimo Lima (Emme) e como existe na cidade essa necessidade de ajudar na doação de sangue e como a Emmel não usa o ônibus o tempo todo, ele é destinado à doação de sangue todas às sextas-feiras, ele é emprestado para a Santa Casa para levar os doadores.
A secretária disse que, na quarta-feira passada (22), às 2h, o ônibus saiu para levar os professores da Emmel em um evento e quebrou uma peça que se chama aste da barra de torção, que funciona como um amortecedor. ?Quando estavam próximos a Perdões, tiveram que voltar pra Formiga. A Emmel não foi onde ela ia e o veículo foi para a oficina. O motorista Odélio me comunicou o fato na quarta cedinho, eu pedi que fizesse o orçamento da peça. Na manhã da quarta-feira, a Helena, que organiza a doação de sangue, ligou para o motorista para confirmar e ele disse a ela que o ônibus estava quebrado e que provavelmente não faria a viagem na sexta-feira, para que ela providenciasse outro transporte ou desmarcasse com os doadores, pois ela que tem essa tarefa? .
Segundo Maria Andrada, o motorista ligou para ela e passou o ocorrido. ?Ele foi em uma loja de peças e falaram para ele que não tinha essa peça em Formiga, só em São Paulo e que só chegaria na sexta de manhã. Isso ele nos contou na quarta. Em seguida, liguei insistentemente para a Helena e ninguém atendia. Por volta das 16h30, liguei para o Lauri, que é responsável pela parte de transporte da Secretaria de Saúde, e pedi a ele o favor de avisar à Helena que o ônibus não poderia levar os doadores na sexta-feira. Ele disse que avisaria. Ele confirmou que avisou a ela e deixou um bilhete em cima da mesa para ela não se esquecer. A nossa parte foi feita, tem testemunhas que ele quebrou e só ficou pronto na sexta-feira de tardinha e a Helena foi avisada duplamente pelo Ordélio e pelo Lauri. Eles podem confirmar isso, agora, o que parece é que ela não teve a responsabilidade de avisar os doadores e quer jogar uma culpa que é dela nos outros, tentando passar uma responsabilidade para nós, que não é nossa. A nossa responsabilidade é disponibilizar o ônibus e, quando houver algum problema, dizer que tem problema, foi o que nós fizemos, a nossa parte foi feita? , conclui a secretária.

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