Já teve aquela sensação de peso no crânio, como se a cabeça estivesse sendo comprimida dos dois lados? É assim que a estudante Júlia Dias, 15, se sente quase três vezes por semana. A aluna conta que sente dores de cabeça desde os 6 anos. A dor geralmente aparece quando chego da escola, depois de um dia cheio, explica.
Com os anos, segundo a estudante, a frequência dos episódios de cefaleia (dor de cabeça) aumentou, e ela passou a ter que tomar remédios toda semana. Assustados, os pais da aluna decidiram procurar um especialista. Depois de tomografias e consultas diversas, Débora Dias, 48, mãe da garota, soube que o cérebro de Júlia funcionava normalmente. A tomografia e os exames não apontaram um problema grave.
Júlia não é diferente dos jovens de sua idade. Segundo uma pesquisa realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, a estudante faz parte da maioria.
A análise de 415 jovens com idade média de 15 anos aponta que cerca de 73% dos jovens em idade escolar apresentam dores de cabeça frequentes.
Para o professor José Geraldo Speciali, da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto, que foi orientador do estudo, a análise levanta questões interessantes, além de apontar curiosidades. Diferentemente do que os pais verificam no ambiente doméstico, por exemplo, a pesquisa indica que não há uma relação direta entre assistir à televisão ou ficar em frente ao computador e a incidência da cefaleia, afirma o pesquisador. Contudo, o professor explica que a relação pode ter sido inexistente no estudo porque os estudantes que normalmente sentem dor de cabeça após muitas horas na frente da TV podem ter optado por não assistir a muitos programas, sabendo das consequências.
Associações
Os pesquisadores indicam que há uma relação entre o consumo de álcool e a dor de cabeça – 21,8% dos estudantes declaram fazer uso de bebida alcoólica. Desses, 83,3% relataram a dor. Outra relação interessante foi o uso de aparelhos nos dentes: dos jovens pesquisados, 21,6% usavam o aparelho e 13,59% relataram cefaleia. Há, ainda, uma grande diferença entre homens e mulheres na incidência da dor. Na pesquisa, as meninas foram 2,3 vezes mais afetadas que os meninos.
Medicamento
O abuso de analgésicos para a dor de cabeça causa uma piora no padrão da dor. O que antes era algo episódico, pode passar a ser um fenômeno diário. É classificado como abuso:
O uso de analgésicos combinados mais de dez dias por mês, durante dois meses.
O uso de analgésicos simples mais de 15 dias por mês, durante dois meses. Se a dor não for comum para você, procure um médico para avaliar o problema.

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