Oliver Hart, de 68 anos, e Bengt Holmström, de 67, venceram o Prêmio Nobel de Economia 2016. O anúncio foi feito na manhã desta segunda-feira (10) em Estocolmo, na Suécia. Eles ganharam o prêmio por suas contribuições para a teoria dos contratos, que têm múltiplas aplicações em diversos contextos da vida real.

Hart é britânico e professor de economia da Universidade de Harvard e Holmström é finlandês e professor de economia e administração do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), ambos nos Estados Unidos.

O trabalho de Hart tem ajudado a entender quais companhias devem se fundir, além do equilíbrio correto de financiamentos e quando instituições como escolas devem ser privadas ou públicas. Já o de Holmström ajuda a formular contratos para executivos, informou a Academia em comunicado.

O Nobel de Economia tem uma recompensa de 8 milhões de coroas suecas, equivalente a R$ 3.028.000. O prêmio inclui ainda um diploma e uma medalha de ouro.

“As novas ferramentas teóricas criadas por Hart e Holmström são valiosas para a compreensão dos contratos e instituições da vida real, bem como armadilhas potenciais no projeto de contrato”, disse a Real Academia em um comunicado.

“[O trabalho deles] estabelece uma base intelectual para traçar políticas e para instituições em muitas áreas, da legislação sobre falências a constituições políticas”, disse a Real Academia em Estocolmo.

De acordo com o júri, a teoria do contrato, desenvolvida pelos premiados, é um amplo marco de análises dos múltiplos aspectos do contrato, como a remuneração dos executivos com base em sua performance, as franquias, os copagamentos nos seguros ou a privatização do setor público.

“Me sinto muito sortudo e agradecido. Oliver Hart, estou tão feliz que eu ganhei este prêmio com ele, ele é meu amigo mais chegado”, disse Bengt Holmström em entrevista à organização da premiação.

“Minhas teorias não se posicionam a respeito (…) Meu ponto de vista pessoal é que (os contratos de diretores de empresas) são muito complicados hoje, e por outro lado o que melhorou nestes últimos anos é (…) que (estes diretores) não conseguem tudo em um período muito curto, conseguem ao longo do tempo”, afirmou Holmström à Fundação Nobel.
“Eu acordei por volta de 4h40 e queria saber se estava ficando tarde demais, mas, em seguida, felizmente, o telefone tocou. Minha primeira reação foi abraçar minha esposa, acordar meu filho mais novo. E eu falei com meu companheiro de premiação”, disse Hart, também para a Fundação Nobel.

“Contratos são apenas uma forma incrivelmente poderosa de pensar sobre partes da economia. Eles são apenas fundamentais para toda a ideia de que o comércio é um tomar uma coisa por outra e que há dois lados para uma transação”, disse Hart nesta segunda, segundo o Twitter da Fundação Nobel.

 Mérito das pesquisas

O tema de estudo dos premiados talvez seja menos prestigioso que as grandes questões de crescimento, desemprego ou pobreza, razão pela qual não apareciam nas previsões. Mas ambos tiveram o mérito de abrir caminho “a um fértil terreno de pesquisa fundamental”, disse o júri: Holmström desde o fim dos anos 70 e Hart na década seguinte.

“Graças à pesquisa de Oliver Hart e Bengt Holmström, temos agora os instrumentos para analisar não apenas os termos financeiros dos contratos, mas também a prestação contratual dos direitos de controle, dos direitos de propriedade e dos direitos de decisão entre as partes”, explicou a Academia Real de Ciências.

Entre os temas sobre os quais lançaram luz, segundo a Academia, aparecem as seguintes questões: “os fornecedores de serviços públicos, como escolas, hospitais ou prisões, devem permanecer no (setor) público ou privado?”.

“Os professores, os funcionários do setor de saúde, os guardas das prisões devem receber um salário fixo ou indexado aos seus resultados?”.

“Em que medida os diretores de empresas devem ser remunerados através de prêmios ou de ‘stock-options’?”.

 Premiações anteriores

O júri confirmou a maioria dos americanos premiados no Nobel de Economia, 56 – incluindo os com dupla nacionalidade – de um total de 78.

Há uma tendência de conceder o Nobel de Economia a duplas e trios, mas no ano passado a regra foi quebrada, com a premiação do economista escocês naturalizado americano Angus Deaton, professor na Universidade de Princeton, nos EUA, que ganhou reconhecimento por sua análise do consumo, da pobreza e do bem-estar.

 

O prêmio de Economia é o único que não remonta ao testamento de Alfred Nobel. Denominado oficialmente Prêmio de Ciências Econômicas do Banco Real da Suécia em Memória de Alfred Nobel, foi criado em 1968 pelo Banco Central sueco para comemorar seu tricentenário e concedido pela primeira vez em 1969. As demais categorias são laureadas desde 1901.

As mulheres permanecem quase ausentes da lista do Nobel de Economia. Apenas uma mulher ganhou a distinção: a americana Elinor Ostrom, em 2009.

Assim como os demais prêmios, o Nobel de Economia será entregue no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel.

O prêmio de economia é o penúltimo desta temporada Nobel, depois dos de medicina, física e química anunciados em Estocolmo, e do Nobel da paz anunciado na sexta-feira passada em Oslo. O nome do premiado com o Nobel de literatura será anunciado na quinta-feira (13).

Veja abaixo a lista dos 10 últimos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia:

2016: Oliver Hart e Bengt Holmström, por suas contribuições à teoria dos contratos.

2015:Angus Deaton (Reino Unido-Estados Unidos), por seus estudos sobre “o consumo, a pobreza e o bem-estar”.

2014:Jean Tirole (França), por sua “análise do poder do mercado e de sua regulação”.

 

Apenas uma mulher ganhou a distinção: a americana Elinor Ostrom, em 2009 (Foto: Divulgação)

2013:  Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre os mercados financeiros.

2012:Lloyd Shapley e Alvin Roth (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre a melhor maneira de adequar a oferta e a demanda em um mercado, com aplicações nas doações de órgãos e na educação.

2011: Thomas Sargent e Christopher Sims (Estados Unidos), por estudos que permitem entender como acontecimentos imprevistos ou políticas programadas influenciam os indicadores macroeconômicos.

2010:  Peter Diamond e Dale Mortensen (Estados Unidos), Christopher Pissarides (Chipre/Reino Unido), um trio que melhorou a análise dos mercados nos quais a oferta e a demanda têm dificuldades para se acoplar, especialmente no mercado de trabalho.

2009: Elinor Ostrom e Oliver Williamson (Estados Unidos), por seus trabalhos separados que mostram que a empresa e as associações de usuários são às vezes mais eficazes que o mercado.

2008: Paul Krugman (Estados Unidos), por seus estudos sobre o comércio internacional.

2007: Leonid Hurwicz, Eric Maskin e Roger Myerson (Estados Unidos), por seus trabalhos baseados nos mecanismos de intercâmbio destinados a melhorar o financiamento dos mercados.

 

Fonte: G1 ||http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/10/oliver-hart-e-bengst-holmstrom-vencem-o-premio-nobel-de-economia.html

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