Circula nas redes sociais que a escova de dente de quem está com a Covid-19 precisa ser trocada após a melhora do paciente porque o coronavírus fica ativo nas cerdas. É #FAKE.

Os dentistas recomendam que as escovas sejam trocadas a cada três meses, pelo menos, ou quando as cerdas se deformarem. Mas não há embasamento científico para a tese de que as cerdas podem reter o coronavírus, e que manter a mesma escova em uso pode levar a casos de reinfecção, segundo especialistas entrevistados pela CBN.

A mensagem diz: “Se você esteve com a Covid-19, é preciso trocar a escova dental que usou no período, porque a saliva contém grande concentração de vírus, e bactérias que podem causar uma infecção secundária”.

O conteúdo é rebatido pelo infectologista Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ele explica que, assim como a combinação de água e sabão, a de água e pasta de dente basta para exterminar o Sars-CoV-2 das cerdas das escovas.

“O vírus não resiste a água e sabão. Pasta de dente e água após a escovação são suficientes para neutralizar qualquer partícula viral. Não há possibilidade de a superfície da escova manter o vírus por muito tempo. Bactérias, sim, mas não partículas virais”, esclarece Kfouri.

O virologista Romulo Néris, doutorando pela UFRJ, diz que não existe qualquer embasamento científico para a tese de que o vírus sobrevive por muito tempo em escovas. “Escovas devem ser trocadas regularmente pelo fim da sua vida útil, geralmente por queda da eficiência na escovação e perda de cerdas. Mas não existe nenhum indício de que o Sars-CoV-2 permaneça em escovas por longos períodos. Sabemos que fora do organismo, em diferentes materiais, o vírus não persiste por mais de 72 horas”, afirma o virologista.

“Apesar dos relatos de reinfecção pelo coronavírus, nenhum deles foi associado a hábitos de higiene pessoal, como escovação. Na maioria dos casos, a reinfecção ocorreu quando o indivíduo viajou para outro lugar onde o surto ainda ocorria”, continua.

A pneumologista Patricia Canto Ribeiro, médica da Escola nacional de Saúde Pública, também diz desconhecer estudos que se debrucem sobre o tempo de viabilidade do vírus especificamente em escovas de dente.

Ela lembra que o vírus pode sobreviver em determinadas superfícies, como o cabo da escova. Por isso, quando uma pessoa infectada compartilha o banheiro com outras, estas não contaminadas, o ideal, de acordo com Patricia, é que as escovas fiquem separadas, para que não haja o risco de contaminação, caso se toque na haste.

A mensagem compartilhada que fala em reinfecção, porém, não faz sentido.

Matéria do G1

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