Os trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) estão em greve há 10 dias. A paralisação teve início na terça-feira (14). Os sindicatos do Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo (SJSP) e no Distrito Federal (SJPDF) informaram que a medida é um protesto contra o congelamento dos salários, que correm o risco de ter 0% de reajuste, e a retirada de direitos do acordo coletivo.

Segundo as informações, a greve tem apoio dos colaboradores das praças de São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro e Maranhão. Na assembleia nacional da campanha salarial realizada no dia 10  mais de 260 votaram a favor da greve, 14 apoiaram nova assembleia e nove abstenções. A movimentação acontece após o pedido dos empregados para que o salário seja reajustado em 4% para repor a inflação dos dois últimos anos.

A EBC, por outro lado, insiste que a proposta é manter os valores como estão. Além disso, a direção da empresa quer retirar direitos como o vale cesta-alimentação (pago em dezembro e junho), a garantia de translado aos trabalhadores por questões de segurança, a complementação de auxílio previdenciário, a realização de homologações das rescisões de contrato nos sindicatos, o vale-cultura, a multa pelo descumprimento do acordo coletivo e até o fim do quinquênio para os que ingressarem na empresa.

“A direção da EBC mostra sua total intransigência. Não há negociação, só imposição de retirada de benefícios e direitos. Só a mobilização dos trabalhadores pode mudar essa situação”, afirma o coordenador do SJPDF, Gésio Passos.

A EBC afirmou que a direção da empresa “mantém o firme propósito de negociar o Acordo Coletivo de Trabalho 2017/2018 com as entidades representativas dos profissionais. Para tanto, prorrogou por um mês o acordo anterior, extinto no dia 31 de outubro, e segue cumprindo o cronograma de reuniões definido com as entidades sindicais”.

A EBC explica que 56 das 71 cláusulas já foram negociadas e que, com relação ao congelamento dos salários, a empresa dependente do Tesouro Nacional e segue limites impostos pelas dificuldades orçamentárias decorrentes da crise econômica que afeta o país.

“É importante esclarecer que o acordo 2017/2018 deverá se adequar à legislação trabalhista em vigor desde sábado, 11 de novembro. A realização de homologações das rescisões de contrato nos sindicatos, por exemplo, perdeu a obrigatoriedade, assim como o desconto referente a um dia do salário dos empregados como contribuição assistencial para os sindicatos. Os demais itens levantados pelos empregados ainda estão em negociação. A empresa está determinada a manter o diálogo e conta com o empenho de todas as partes para alcançar o entendimento”, finaliza a EBC na nota.

Excelência na EBC?

Na última semana, a Agência Brasil veiculou reportagem na qual a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) aparece entre as melhores empresas públicas da administração federal, segundo avaliação feita pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. O texto afirma que a certificação é sinônimo de selo de qualidade de gestão e leva em consideração indicadores de governança. No total, 48 empresas foram avaliadas, sendo que a EBC ficou na 12ª posição.

“O objetivo do estudo do Ministério do Planejamento é apoiar e promover iniciativas para que todas as empresas possam atingir integralmente a Lei nº 13.303 de 2016, conhecida como Lei das Estatais. Para isso, a Secretaria da Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST) aplicou metodologia de acompanhamento baseada em três dimensões: Gestão, Controle e Auditoria; Transparência das Informações; e Conselhos, Comitês e Diretoria. Com os dados, foram aferidas notas que classificam e certificam as empresas estatais em um dos quatro Níveis de Governança (IG-SEST)”, explica a reportagem.

Apoio de Pedro Cardoso

Foto: Reprodução/Youtube)

O ator Pedro Cardoso abandonou nessa quinta-feira (23) o programa Sem Censura, transmitido ao vivo pela TV Brasil. Ele era um dos entrevistados e falaria sobre seu recém-lançado romance Livro dos Títulos mas, em apoio à greve dos funcionários da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), mantenedora da TV, se levantou e saiu do estúdio.

“Peço desculpa a vocês, mas não vou responder esta pergunta e nenhuma outra. Porque quando eu cheguei aqui hoje, encontrei uma empresa que está em greve. E eu não participo de programas de empresas que estão em greve”, disse o ator.

Cardoso disse ainda que, “diante do governo que está governando o Brasil”, os grevistas “provavelmente estão cobertos de razão”. Com o tom de voz mais alto, o ator ainda externou seu repúdio a publicações feitas por Laerte Rimoli, diretor-presidente da EBC, responsável pela TV Brasil. Depois de uma palestra em que a atriz denunciou o racismo que seus filhos sofrem, Rimoli publicou memes ironizando a fala da atriz.

“O presidente desta empresa, que é uma empresa que pertence ao povo brasileiro, fez comentários extremamente inapropriados a respeito do que teria dito uma colega minha, em que a presença do sangue africano é visível na pele. Porque o sangue africano está presente em todos nós, em alguns também na pele. Se esta empresa, que é a casa do povo brasileiro, tem na presidência uma pessoa que fala contra isso, eu não posso falar do assunto que eu vim falar “, disse Cardoso.

Antes de sair de quadro, o ator apertou a mão da apresentadora, que respondeu com calma: “eu respeito bastante a sua opinião, respeito a sua saída. A gente vive numa democracia e a gente precisa respeitar a opinião de cada um. Pedro Cardoso, obrigado pela sua presença, eu entendo perfeitamente tudo que está acontecendo”.

Nessa quinta (23), a EBC divulgou uma nota oficial, em que mostra respeito à atitude do ator e diz que a empresa “é plural, é democrática, acolhe a diversidade de opinião e respeita a lei, inclusive o direito de greve”.

Leia a íntegra da nota divulgada pela EBC nesta quinta-feira:

“O ator Pedro Cardoso expressou-se livremente no programa Sem Censura nesta tarde. Esta postura da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) é o resultado da diretriz jornalística e profissional implementada pela atual direção.

Nossa programação é a prova viva – e ao vivo – de que esta empresa de comunicação pública é plural, é democrática, acolhe a diversidade de opinião e respeita a lei, inclusive o direito de greve.”

 

 

Fonte: Com portais de notícias ||

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