Nesta terça-feira (2) a América do Sul será privilegiada com a passagem de um eclipse solar total.  A passagem da lua em frente ao sol será o único fenômeno do tipo que  ocorrerá em 2019.

O eclipse será visível em sua totalidade em países como Argentina e Chile, local previsto em terra como o melhor avistamento do fenômeno, especificamente na cidade de La Serena. Coincidentemente o ponto fica bem em cima de onde se concentram os principais telescópios do Chile, a 500 quilômetros ao norte de Santiago.

É raro a sombra coincidir com a localização de um observatório com grandes telescópios. Segundo o ESO (European Southern Observatory),  nos últimos 50 anos foram apenas duas vezes: uma em 1961, no L’Observatoire de Haute-Provence, na França; e em 1991, no Mauna Kea, no Havaí.

Por isso, o La Silla pretende fazer algumas experiências e aproveitar as ferramentas disponíveis. Os cientistas vão repetir o experimento científico feito em 1919 em Sobral, no Ceará. Com fotos do céu antes e depois, os pesquisadores que estiveram no Ceará conseguiram imagens que provaram que a força da gravidade do sol altera até o caminho da luz percorrida por outras estrelas até a Terra. Foi o passo decisivo para comprovar a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein.

No Brasil o eclipse será observado de maneira parcial — mas, ainda assim, será um fenômeno de tirar o fôlego.

O eclipse

Em algumas áreas do Brasil, o fenômeno ocorre de forma parcial, já que a maior parte do país está fora da área que será abraçada pela sombra resultante do alinhamento entre Sol, Lua e Terra. Quem estiver dentro desta faixa dos países vizinhos vai experimentar um privilégio visual: a lua vai bloquear os raios e, por quase 2 minutos, só será possível ver a coroa do Sol.

 Para apreciar o fenômeno, é preciso usar uma proteção ocular adequada para olhar para o sol, como óculos especiais ou placas de máscara de soldador. Especialistas alertam que você jamais deve usar, para ver o Sol, coisas como óculos escuros tradicionais, chapas de raio-x, negativos de filmes antigos, filtros polarizados, vidros escuros e câmeras digitais (incluindo a câmera de seu celular). Quem tem binóculos e telescópios deve usar filtros de proteção especialmente desenvolvidos para uma observação solar.

 Tudo começa por volta das 17h, com o pico do eclipse acontecendo às 17h49 no horário de Brasília. Mas em outras partes do mundo o fenômeno começa mais cedo, então os “gringos” que farão a transmissão do evento ao vivo na internet começarão suas lives em horários variados.

O ESO por exemplo, transmitirá tudo pelo  site oficial. A transmissão não contará com comentários ao vivo, mas alternará as imagens entre diversas fontes para mostrar como o eclipse está sendo capturado por diferentes telescópios. A live começa às 16h15.

Outra opção é acompanhar o fenômeno pelo site do museu Exploratium, com imagens registradas no observatório Cerro Tololo no Chile. Também poderemos assistir ao eclipse pela live do TimeAndDate.com, que acontecerá em seu canal do YouTube,

incluindo a visão de telescópio e comentários de especialistas. A transmissão começa às 16h

No dia 14 de dezembro de 2020 haverá outro eclipse solar, no sul do Chile e Argentina.

Raridade

O fascínio pelos eclipses está ligado ao baixo número de ocorrências a cada 365 dias do ano. Isto porque a órbita da Terra em torno do sol e a órbita da lua em torno da Terra não estão alinhadas no mesmo plano. Caso estivessem, teríamos um eclipse solar a cada lunação (lua nova) ou seja a cada 29,5 dias. A quantidade de eclipses por ano pode variar de no mínimo quatro (dois eclipses da lua e dois do sol), podendo excepcionalmente chegar a 7 por ano (em 1982, tivemos quatro eclipses solares e três lunares).

Essa variação de quantidades ocorre devido às simples razão de o ciclo dos eclipses ocorrerem aproximadamente a cada 177 dias, ou seja, dois ciclos de eclipses ocorrem a cada 354 dias um pouco menos dos 365 dias de um ano. Caso um ciclo de eclipses ocorra no mês de janeiro, além de ocorrer um segundo ciclo em junho ou julho, poderá ocorrer um terceiro ciclo no mês de dezembro, fornecendo assim esse número mágico de sete por ano.

Ciclos definidos

Por mais incrível que possa parecer, os tipos e formatos dos eclipses se repetem em ciclos definidos. Devidos aos movimentos e padrões harmônicos e repetitivos dos corpos celestes, desde os tempos da Babilônia se observou que os eclipses se repetiam em determinados ciclos, formando séries por um determinado intervalo de tempo.

O caso conhecidíssimo na astronomia é o “Ciclo de Saros”, que resulta em uma repetição de um eclipse solar ou lunar a cada 6.585,3 dias, (18 anos, 11 dias e 8 horas). O número de dias não é inteiro, mas pode-se prever quando os eclipses praticamente idênticos irão ocorrer no futuro.

Ou seja, um eclipse observado hoje irá repetir o seu tipo e formato daqui a 18 anos, com um detalhe, ele só não irá ocorrer próximo ao mesmo local, devido o seu ciclo, além dos dias, ter cerca de 8 horas adicionais no dia. No caso de um eclipse solar, isso significa que a região de ocorrência do eclipse solar irá se deslocar a cerca de 120º a oeste, em razão da terra ter girado em 8 horas, 1/3 de seu percurso de rotação de um dia.

O interessante é que pode-se dizer que o “Ciclo de Saros”, contem em torno de 70 ciclos “ativos”, já que, com o passar dos milênios, alguns ciclos deixam de existir, ou seja, um mesmo eclipse, que ocorria a cada 6 585,3 dias, deixa de ocorrer para dar lugar a novos ciclos.

 

 

Fonte: Com portais de notícias ||

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