A Fundação Hemominas registrou que, em 2011, 37,85% das doações de sangue no Estado foram feitas por mulheres. Segundo dados de 2010 do Caderno de Informação ? Sangue e Hemoderivados, publicação do Ministério da Saúde, a doação feminina representou 36,89% das doações na região Sudeste. Esses números podem ser explicados pelo fato de que existem algumas peculiaridades no que se refere à doação de sangue feminina.
Biologicamente, a mulher possui características que a levam a ter uma periodicidade maior que os homens como doadora fidelizada. Para ela, é aconselhado que haja um intervalo mínimo de 90 dias entre as doações, que devem ser feitas três vezes ao ano, no máximo, já que com a perda de sangue por meio da menstruação, a doadora pode correr o risco de ter anemia. A menstruação, entretanto, não é um impedimento para a doação e o ato só deve ser evitado caso a mulher esteja com cólicas.
No caso de cesariana, a doação só pode ser feita após seis meses. Caso a criança ainda esteja amamentando, somente após um ano. O uso de anticoncepcional não impede a doação, e em casos de atraso menstrual ou suspeita de gravidez não se deve doar sangue. Após aborto ou parto normal, pede-se que aguarde um mínimo de três meses.
Obedecendo a esses critérios e as condições gerais para a doação de sangue – como ter entre 16 e 67 anos, possuir boa saúde, pesar acima de 50 quilos, não ter ingerido bebida alcoólica nas últimas 12 horas, não ter tido hepatite após os 11 anos de idade e não ter doença de Chagas – não há outros impedimentos para que a mulher seja uma doadora frequente.
De acordo com a gerente técnica do Hemocentro de Belo Horizonte, a médica Maria Regina Bastos, ?o volume de sangue coletado é reposto pelo organismo naturalmente na mesma quantidade, em 24 horas. Inclusive recomendamos que a pessoa que doou sangue se hidrate bem no dia que efetuou a doação, tomando bastante líquido?, explica.
Solidariedade
Larissa Regina Guariento, de 23 anos, vem de uma família de doadoras de sangue. Ela doa há aproximadamente um ano e diz que nunca teve nenhuma reação negativa e nunca soube sobre os tabus da doação de sangue. ?Poder ajudar sem fazer muito. Para quem recebe é indiferente o sexo de quem está doando. Para mim é um incentivo?, ressalta.
Já para a analista de recursos humanos, Maria Isabel Alves Rosa Pinto, de 28 anos, que doa há dez anos, a doação é rápida, além de ser um tempo que não é perdido, mas aproveitado. Ela diz que não vê nenhuma restrição na doação por ser mulher e que participa sempre das campanhas propostas pelo Hemocentro de Belo Horizonte. ?É um sangue que não fará falta para mim, mas muita diferença para quem precisa?, completa. Maria Isabel relata que os únicos momentos em que não realizou a doação foram no período de gestação e de amamentação.
De acordo com a chefe de enfermagem do Serviço de Coleta do Hemocentro de Belo Horizonte, Lauriete Gomes, a mulher se desdobra em muitas atividades na sociedade. ?O papel de doadora é mais um dos desempenhados e não pode ser esquecido, principalmente no Dia Internacional da Mulher?, afirma.

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