Segundo dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no primeiro turno das eleições municipais de 2020, 3.454 candidatas não obtiveram, sequer, um voto.

Entre os candidatos do sexo masculino, este número chegou a 1843.

Certamente a exigência legal de que pelo menos 30% de candidatas figure dentre os escolhidos pelos partidos se tornou num forte componente para que a burla se transforme em prática usual, a exemplo do que ocorreu no PSL nas eleições realizadas em 2018, no rumoroso caso em que se envolveu o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio.

Ora, se num universo de 68 mil cargos eletivos disputados em 5.567 municípios brasileiros, o próprio TSE nos mostra  os números acima, tão expressivos, isso indica que nem os próprios candidatos votaram em si mesmos. Há algo aí de muito estranho! Este indicador, mais que chamativo, aponta para o fato de que o “laranjal” se revigora ano a ano e que muita gente pode estar levando vantagem, se não eleitoral, ao menos financeira. 

Quanto é mesmo que os partidos recebem para sustentarem as tais campanhas eleitorais? E esta cifra estratosférica de recursos, criada, defendida e votada pelo parlamento (eleitos) sai dos bolsos de quem?  

Para se ter uma ideia, tivemos o cuidado de analisar o que ocorreu em algumas cidades vizinhas à nossa e concluímos que o título desta matéria é mais que correto e se aplica, sem dúvida e sem medo de errar, como verdade em todas elas: Formiga, Córrego Fundo, Pedra do Indaiá, Pimenta, Pains, Doresópolis, Arcos, Córrego Fundo, Piumhi, Campo Belo e Itaúna.

O número de candidatos que obtiveram de zero a 10 votos é muito grande e verificando com maior atenção os dados que são disponibilizados ao público pelo TSE, concluímos que diversos partidos bancaram (??) tais candidaturas. PSDB, PMDB, PTB, PSL, Solidariedade, Avante, PTB, PL, PT, PRTB, PP e DEM aparecem na lista, evidenciando que é preciso sim, modificarmos algo nesta legislação que regula candidaturas, pleito e a forma de financiar tudo isso.

Se em Córrego Fundo, Doresópolis, Divinópolis, Itaúna e Campo Belo também apareceram candidatas com voto zero, nos sentimos na obrigação de frisar que, em Itaúna, encontramos três destas, sendo que duas pertencem a um mesmo partido: o Solidariedade. 

Queremos crer que a Justiça Eleitoral, quem sabe, ainda antes da diplomação dos eleitos, encontre uma resposta plausível que justifique estas condutas por candidatas (os) e/ou pelos partidos que os (as) filiaram e os(as) apresentaram aos eleitores. Se burla houve, se algum crime vier a ser tipificado, que se puna os culpados.

Permanecemos na dúvida: se isto não é crime, quem sabe será molecagem ou brincadeira de mau gosto para com os eleitores, algo que certamente a lei eleitoral não aprova?

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