Por aqui, finalmente, os poderes Executivo e Legislativo já nos dão mostras de que dentro do possível, pretendem ouvir a população antes de regulamentarem em lei, certas normas que de alguma forma venham alterar profundamente as condutas ainda atualmente praticadas pela maioria dos munícipes.

A regulamentação do descarte de águas pluviais em redes de esgoto, encarado de uma hora para outra como “crime ambiental” a ser punido até com multas pecuniárias, foi uma delas.

Apesar de já haver sido aprovada em primeira votação na Câmara, tão logo foi combatido por populares que acompanhavam a reunião plenária, acabou sendo retirado o projeto em tramitação, a pedido do vereador Flávio Couto que, sensível aos reclames, entendeu ser esta a melhor forma de se resolver o impasse. Além dele, ressaltamos que todos os demais vereadores ao perceberem o erro cometido, concordaram com o pedido de vistas à proposta.

Melhor que isto, foi a imediata reação do Executivo, retirando em definitivo o projeto para que então com mais calma, possa melhor elaborá-lo, corrigindo os excessos contidos nas “versão número um”.

Importante ressaltar que, no mérito, a proposição estava mais que correta. Porém, nos valendo de forma metafórica, ousamos dizer que aquele remédio não podia de forma alguma ser administrado em uma só dose, pois, como constava da receita, se aplicado conforme proposto, ao invés de sanar o mal atacando a doença, certamente mataria o paciente.

E aqui, reprisamos, o número de pacientes afetados chegaria a, quem sabe, algo em torno de 70% das edificações existentes nesta cidade.

Acreditamos que agora o  Executivo, com mais tempo, terá até mesmo a oportunidade de propor uma nova terapia a ser aplicada em doses homeopáticas e, quem sabe, até atrairá pela propagação da boa nova ou através da oferta de incentivos, nova clientela.

Saindo do campo das metáforas e retornando ao tema principal, imaginamos que se valendo de alguma forma de incentivo este município poderá atrair um razoável número de adesões ao previsto na nova lei. Estes incrementarão em suas residências as providências que a baixo custo resultarão na captação e armazenamento das águas pluviais a serem utilizadas ao longo do ano,  em serviços considerados menos nobres como lavação de calçadas, veículos, etc, aliviando, ainda que minimamente, a pressão hoje exercida sobre o Saae.

Ora, se as próprias distribuidoras de energia elétrica encontraram formas de adquirir de seus consumidores os excedentes de energia produzidos através da captação solar ou eólica, por que não premiarmos quem comprovar através de medições simples que também armazena certa quantidade de água advinda das chuvas?

Concluindo, uma pergunta: No nordeste árido e seco as cisternas que armazenam água pluvial captada desta mesma forma já atendem a quantos milhares de nordestinos?

Por aqui, se governo e povo não se unirem em busca de uma forma de armazenamento de grande quantidade de água, a montante da captação, em mais alguns anos, certamente estaremos na mesma condição dos irmãos nordestinos. Esta sim, acreditamos, deva ser a preocupação número um, de todos nós que aqui vivemos.

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