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Já dizia o sábio: “os números não mentem”. E a análise fria de informações oficiais a respeito das duas últimas campanhas de vacinação realizadas em Formiga, uma voltada para públicos específicos, incluindo crianças e outra para animais domésticos demonstram que, pelo menos por aqui, o cuidado dos que tem a guarda de cães e gatos é maior do que o dos pais com os filhos.

O que de fato dizem os números?

No dia 10 de abril deste ano foi iniciada mais uma Campanha Nacional de Vacinação Contra a Gripe. Em Formiga, o alvo da campanha era vacinar 3.892 crianças com idade entre seis meses e cinco anos de idade.

Na última semana de maio, quando a vacinação deveria ser encerrada, o Setor de Vigilância Epidemiológica, da Secretaria de Saúde, divulgou um balanço informando que até aquele momento, o grupo com menor cobertura vacinal era justamente o de crianças, com apenas 58,1% do público alvo imunizado.

Mesmo ao final da campanha, que chegou a ser prorrogada, a meta não foi atingida, sendo vacinadas, no total, 2791 crianças (71,71% do público alvo).

Em um panorama totalmente diferente, nos dias 24 e 31 de julho foi realizada a Campanha de Vacinação contra a Raiva, voltada para animais domésticos. Segundo estimativas da Secretaria de Saúde, o alvo era vacinar 11 mil cães e 1100 gatos. Findados os dois finais de semana de campanha, quase 100% da meta foi alcançada. Até o momento, 10.145 cães e 1.099 gatos foram imunizados e, diante da procura, as doses que foram enviadas ao município acabaram e outras já foram solicitadas pela coordenadora do Setor de Vigilância Epidemiológica, Ana Dalva Costa, e devem chegar em breve. “Acreditamos que o número de pets tem crescido no município e que as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a saúde de seus animais de estimação”, comentou a coordenadora.

Na contramão desses cuidados com os pets, que são de extrema importância, principalmente pelo fato da raiva ser uma zoonose gravíssima que pode levar animais e humanos à morte, está a falta de zelo pelas crianças que, indefesas e incapazes de irem a um posto de saúde sem um responsável, ficam susceptíveis às doenças.

Busca ativa
Diante da displicência de alguns pais, os agentes de saúde do município realizam a chamada “busca ativa”, que nada mais é que a ida até as casas de crianças ainda não imunizadas para alertar os pais. Mas, algumas vezes, nem mesmo essa nova chamada mobiliza os pais a levarem as crianças para se vacinar.

O resultado deste problema que não ocorre apenas aqui é o retorno da circulação de alguns vírus como o do sarampo. Em 2016, o Brasil foi considerado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), território livre da doença e com a baixa vacinação causada pela displicência dos pais e com a chegada de venezuelanos no norte do país no ano passado (onde a doença passou a se manifestar em 2017), o sarampo voltou com força total ao Brasil e já matou três pessoas no estado de São Paulo, atingindo outras milhares pelo país, incluindo em Minas Gerais.

De acordo com a Opas, o vírus do sarampo que circula no país tem as mesmas características do que circula na Venezuela desde julho de 2017.

Fake news
Não são poucas as mensagens compartilhadas nas redes sociais que disseminam mentiras sobre a vacinação, que vão desde uma conspiração mundial para matar idosos e crianças para reduzir a população (sim, há quem se convença disso), ao fato de que as vacinas não são eficazes e que doses como a da tríplice viral (que imuniza contra o sarampo, caxumba e rubéola) causam autismo – possibilidade descartada por meio de pesquisa publicada em março do ano passado, na revista Annals of Internal Medicine, que usou como base de análise 57.461 crianças nascidas na Dinamarca entre 1999 e 2010.

Em 2018, de acordo com informações do Conselho Regional de Medicina do Mato Grosso (CRM-MT), 90% dos focos de mentiras na internet eram sobre vacinas. Também no ano passado, em seis meses, o Ministério da Saúde identificou 185 focos de fake news na internet sobre o recebimento das doses. O resultado de tantas informações falsas é que nos últimos anos, houve no país queda significativa nas taxas de imunização contra doenças como sarampo e poliomielite.

Com tantas mentiras circulando, o melhor caminho é procurar profissionais de confiança ou os postos de saúde da cidade para se informar e evitar os males que a falta da vacina pode trazer.

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