Em menos de oito meses de governo, a presidente Dilma Rousseff já esteve diante de pelo menos dez grandes crises políticas, que criaram um clima de instabilidade interna, abalaram as relações do Palácio do Planalto com o Congresso Nacional e, ainda, forçaram a petista a promover uma verdadeira dança de cadeiras na Esplanada dos Ministérios.
O governo Dilma Rousseff já enfrentou mais polêmicas do que seus dois antecessores, se considerados os oito primeiros meses.
De janeiro a agosto de 1995, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) não enfrentou sequer uma crise em sua gestão e, portanto, não precisou fazer alterações em seu quadro de ministros. Já o petista Luiz Inácio Lula da Silva encarou, nos primeiros oito meses de seu governo, em 2003, apenas uma crise. Disputas internas por repasses da União ao Ministério da Agricultura culminaram com a demissão do então ministro Roberto Rodrigues. Houve outra mudança no início do governo Lula, mas por opção do então presidente: Benedita da Silva e José Graziano foram demitidos, respectivamente, dos ministérios da Assistência Social e de Segurança Alimentar. As duas pastas, contudo, foram extintas para a criação do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
Mudanças
Desde que Dilma Rousseff assumiu a Presidência, em 1º de janeiro, a equipe ministerial já passou por sensíveis mudanças. No dia 7 de junho, o então ministro da Casa Civil Antonio Palocci deixou o cargo após denúncias sobre evolução de seu patrimônio pessoal. No mesmo dia, a senadora Gleisi Hoffmann assumiu o posto. Três dias depois, Dilma rebaixou o então ministro Luiz Sérgio da prestigiada Secretaria de Relações Institucionais para o modesto Ministério da Pesca. Em seu lugar, assumiu a senadora Ideli Salvatti.
No dia 6 de julho, a mudança ocorreu no Ministério dos Transportes. O então ministro Alfredo Nascimento deixou o cargo após denúncias sobre a existência de um esquema de superfaturamento em obras gerenciadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Paulo Passos assumiu a vaga. Por fim, no último dia 4, Nelson Jobim deixou o comando do Ministério da Defesa após se envolver em polêmicas e criar situações embaraçosas dentro da cúpula do Palácio do Planalto. Ele deu lugar a Celso Amorim.
Além das demissões de ministros, a presidente Dilma Rousseff enfrenta, ainda, crises nosministérios de Cidades, Minas e Energia, Cultura, Esportes e Turismo, além de novas denúncias que atingem a pasta da Agricultura.
À prova
Se por um lado os governistas garantem que a presidente Dilma está promovendo uma faxina em sua administração, por outro, a oposição alega que o aparelhamento de cargos na máquina pública é o que explica a série de denúncias. Certo é que, na comparação com Lula e FHC, nunca antes um governo foi tantas vezes colocado à prova.

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