O recente desastre ecológico causado pelo descarte de água não tratada no rio Pará, na região Barcarena, no Pará, pela Refinaria Hydro Alunorte, mostra o risco que a sociedade corre dia após dia pelo descaso no cuidado com uma possível destruição do meio ambiente.
Foram detectados pontos clandestinos de despejo ilegal de água de chuva, ocorreu a mistura de bauxita e esta água não tinha o tratamento de efluentes industriais. No rio foram detectadas altas concentrações de metais tóxicos na região e o Ibama multou a empresa em R$20 milhões.
O presidente da Refinaria Hydro Alunorte pediu desculpas pelo ocorrido e anunciou planos para investir no sistema de tratamento de água da refinaria de Barcarena, ampliando a capacidade da unidade de suportar condições climáticas extremas. A Justiça determinou a redução da produção e a empresa dará férias coletivas para os funcionários.
Acontece que vivemos entre o dilema da necessidade de geração de empregos, de renda, de impostos, mas muitas vezes às custas de ocorrências como estas de prejuízos para o meio ambiente e, consequentemente, da saúde humana. Em outros casos, temos empresas fazendo concorrência desleal com a produção de produtos desrespeitando as regras mínimas de higiene, como no caso de carnes, frangos, etc.
As perguntas que devem ser feitas são: de que vale ter emprego às custas de um meio ambiente poluído e nocivo às vidas humanas? De que vale ter emprego e produzir alimentos com substâncias agressivas à saúde humana?
Estas perguntas podem ser feitas principalmente para os trabalhadores, pois suas famílias também são vítimas, assim como toda a sociedade, destas práticas anticoncorrenciais, praticadas por empresários preocupados em gerar lucros a qualquer custo, sem seguirem as recomendações mínimas de cuidados com o meio ambiente e, em outros casos, desrespeitando as regras sanitárias.
Em nome da geração de emprego a sociedade tem pago um custo muito alto. Primeiro, as empresas sediam as suas plantas de produção em regiões que lhe oferecem incentivos, na forma de empréstimos subsidiados e até isenção de impostos municipais, estaduais e até federais.
Em segundo lugar, quando são detectadas anormalidades, como, no caso, com danos ao meio ambiente e até produção de produtos para o mercado sem seguir a normas da vigilância sanitária, muitas pessoas da comunidade e até agentes públicos ficam preocupados com os impactos no mercado de trabalho, pelo desemprego causado regionalmente.
Em terceiro lugar, estas práticas são anticoncorrenciais, pois enquanto estas empresas se locupletam em não seguir as regras, outras empresas são prejudicadas por justamente seguirem as regras e terem um processo mais caro, com inversão de valores, pois estas últimas deveriam ser lembradas como exemplos a serem seguidos.
Em quarto lugar, deve-se lembrar do valor maior da sociedade brasileira que é a vida humana e, em nome dela, deve-se preservar o meio ambiente, que é um bem de todos, e não se pode produzir produtos nocivos à saúde.
Não se pode ter uma empresa geradora de milhares de empregos às custas de agressões ambientais, com a matança de peixes, o extermínio da fauna e flora, a poluição da água tornando-a imprópria para o consumo, e até com riscos à saúde humana.
Assim, empresas que não seguirem as normas de segurança e de higiene devem ser interditadas, em prol da proteção à vida humana, mantendo em funcionamento somente as empresas com uma boa governança e com práticas respeitosas ao bem mais valioso que é a vida.

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