Emprego migra para o interior de Minas

O saldo negativo entre as admissões e os desligamentos de trabalhadores evidencia a saturação dos grandes centros.

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O saldo negativo entre as admissões e os desligamentos de trabalhadores evidencia a saturação dos grandes centros.

A busca por redução de custos (via benefícios fiscais) e os ganhos logísticos (proximidade com grandes mercados consumidores) provocaram uma migração de vagas de trabalho em Minas. Em 2014, das cinco cidades que mais cortaram postos de trabalho, quatro estão na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na outra ponta, onde o saldo é positivo, estão cidades-polo do interior.
Belo Horizonte (-10.127), Contagem (-7.552), Itabirito (-4.336) e Betim (-3.295), além de Urucânia (-4.073), são as cidades que mais cortaram vagas no ano passado, conforme levantamento realizado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Já as maiores geradoras de emprego foram Uberlândia, Uberaba, Montes Claros, Ipatinga e Pará de Minas.
O diagnóstico tem como base os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em parte, o saldo negativo entre as admissões e os desligamentos de trabalhadores evidencia a saturação dos grandes centros e a maturidade econômica de municípios de menor porte, em fase de industrialização.
?Quando a indústria chega a um município começa uma estruturação da cidade para atender às demandas trazidas pelo empreendimento. Cria-se um cinturão de serviços como saúde e educação, até a construção de shoppings e de rede de entretenimento?, explica o economista da Fiemg, Paulo Casaca.
Quando o município atinge um nível mais alto de maturidade, a indústria, que iniciou o processo de estruturação, perde espaço para o setor de serviços, diversificando a oferta de empregos. É esse o patamar em que se encontra Ipatinga, no Vale do Aço.
A cidade cresceu em torno da Usiminas, mas em 2014, com o setor de aço em crise, outros segmentos da economia mantiveram o mercado de trabalho aquecido. A metalurgia teve saldo negativo de 232 empregos, mas as obras de infraestrutura geraram 650 postos, e os serviços especializados de construção criaram 354 vagas.
Infraestrutura
Movimento semelhante é percebido em Uberaba, tradicional polo do agronegócio mineiro. Com saldo positivo de mais de 2 mil empregos no ano passado, as obras de infraestrutura, sozinhas, geraram 1.486 vagas. A indústria teve saldo positivo de 698 empregos.
Mas, com as dificuldades do mercado de trabalho na capital, a decisão de ir para o interior deve ser tomada com cuidado, recomenda o diretor do grupo Selpe, de recursos Humanos, Hegel Botinha. ?O importante é avaliar o pacote. O salário, muitas das vezes, não é maior do que se paga nos grandes centros, mas o custo de vida é menor e a qualidade de vida, maior. Onde a cidade já é industrializada, há ofertas mais atrativas?, diz.
Botinha observa que as vagas de analistas (financeiro, contábil, de RH) exigem curso superior e pagam mais. Depois, aparecem oportunidades no corpo técnico das empresas, onde entram as engenharias. Em seguida, o corpo gerencial, com remunerações menores.

Contratações em Uberaba
O início de 2015 permanece com ofertas de emprego em Uberaba, no Triângulo Mineiro. E as vagas estão fora da agroindústria, base da economia regional. A Black & Decker pretende até o final do ano contratar mais 200 trabalhadores para sua unidade no município, e entrará em fase de contratação de 80 funcionários já este mês. Todas essas vagas são para operadores de produção.
O processo seletivo se inicia no dia 24 de fevereiro e os interessados terão até o dia 27 para comparecer ao Sine da cidade. A previsão da empresa é a de chegar ao final de 2015 com 20% ou 25% da produção local exportada.
A unidade de Uberaba é a única da empresa na América Latina e, com a valorização do dólar em relação ao real, a expectativa é a de resgatar a competitividade dos itens produzidos e retomar a exportação para os países vizinhos.
A empresa também fará investimentos da ordem de US$ 4 milhões e planeja ampliações para enfrentar as dificuldades de exportação e a concorrência do mercado interno, sendo uma delas o incremento da produção de ferramentas da marca Dewalt a partir do mês de abril.
Desde o início do ano, das vagas colocadas em aberto na cidade, o Sine recebeu o retorno da efetivação de 224 contratações só em janeiro. Alguns dados ainda estão sendo computados e outros fazem parte da estatística de fevereiro, que ainda não foi contabilizada. Em 2014, no mesmo período do ano, foram registradas 83 contratações por meio do Sine.
?Estamos vivendo um momento de grande desenvolvimento em Uberaba e o Sine tem ajudado e auxiliado da melhor forma possível, tanto que todas as novas empresas na cidade estão colocando suas vagas e recebendo todo o apoio na contratação do pessoal?, disse a coordenadora do Sine, Vanessa Saud.
O economista da Fiemg, Paulo Casaca, ainda chama atenção para Uberaba e a região do Triângulo, que receberá uma fábrica de amônia da Petrobras, que será mais uma grande indústria geradora de empregos. Serão investidos nessa planta US$ 1,3 bilhão. A operação é prevista para 2017.
?Esse empreendimento vai exigir a construção de um gasoduto, com potencial para impulsionar as empresas já existentes na região com o fornecimento de gás natural e ainda tornar mais atrativo os municípios por onde passar?, diz. O uso do gás natural na indústria gera redução de custos, daí o ganho de competitividade para o parque industrial.

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Sobre o autor

André Ribeiro

Designer do portal Últimas Notícias, especializado em ricas experiências de interação para a web. Tecnófilo por natureza e apaixonado por design gráfico. É graduado em Bacharelado em Sistemas de Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Emprego migra para o interior de Minas

O saldo negativo entre as admissões e os desligamentos de trabalhadores evidencia a saturação dos grandes centros.

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O saldo negativo entre as admissões e os desligamentos de trabalhadores evidencia a saturação dos grandes centros.

 

A busca por redução de custos (via benefícios fiscais) e os ganhos logísticos (proximidade com grandes mercados consumidores) provocaram uma migração de vagas de trabalho em Minas. Em 2014, das cinco cidades que mais cortaram postos de trabalho, quatro estão na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na outra ponta, onde o saldo é positivo, estão cidades-polo do interior.

Belo Horizonte (-10.127), Contagem (-7.552), Itabirito (-4.336) e Betim (-3.295), além de Urucânia (-4.073), são as cidades que mais cortaram vagas no ano passado, conforme levantamento realizado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg). Já as maiores geradoras de emprego foram Uberlândia, Uberaba, Montes Claros, Ipatinga e Pará de Minas.

O diagnóstico tem como base os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em parte, o saldo negativo entre as admissões e os desligamentos de trabalhadores evidencia a saturação dos grandes centros e a maturidade econômica de municípios de menor porte, em fase de industrialização.

“Quando a indústria chega a um município começa uma estruturação da cidade para atender às demandas trazidas pelo empreendimento. Cria-se um cinturão de serviços como saúde e educação, até a construção de shoppings e de rede de entretenimento”, explica o economista da Fiemg, Paulo Casaca.

Quando o município atinge um nível mais alto de maturidade, a indústria, que iniciou o processo de estruturação, perde espaço para o setor de serviços, diversificando a oferta de empregos. É esse o patamar em que se encontra Ipatinga, no Vale do Aço.

A cidade cresceu em torno da Usiminas, mas em 2014, com o setor de aço em crise, outros segmentos da economia mantiveram o mercado de trabalho aquecido. A metalurgia teve saldo negativo de 232 empregos, mas as obras de infraestrutura geraram 650 postos, e os serviços especializados de construção criaram 354 vagas.

 

Infraestrutura

Movimento semelhante é percebido em Uberaba, tradicional polo do agronegócio mineiro. Com saldo positivo de mais de 2 mil empregos no ano passado, as obras de infraestrutura, sozinhas, geraram 1.486 vagas. A indústria teve saldo positivo de 698 empregos.

Mas, com as dificuldades do mercado de trabalho na capital, a decisão de ir para o interior deve ser tomada com cuidado, recomenda o diretor do grupo Selpe, de recursos Humanos, Hegel Botinha. “O importante é avaliar o pacote. O salário, muitas das vezes, não é maior do que se paga nos grandes centros, mas o custo de vida é menor e a qualidade de vida, maior. Onde a cidade já é industrializada, há ofertas mais atrativas”, diz.

Botinha observa que as vagas de analistas (financeiro, contábil, de RH) exigem curso superior e pagam mais. Depois, aparecem oportunidades no corpo técnico das empresas, onde entram as engenharias. Em seguida, o corpo gerencial, com remunerações menores.

 

Contratações em Uberaba

O início de 2015 permanece com ofertas de emprego em Uberaba, no Triângulo Mineiro. E as vagas estão fora da agroindústria, base da economia regional. A Black & Decker pretende até o final do ano contratar mais 200 trabalhadores para sua unidade no município, e entrará em fase de contratação de 80 funcionários já este mês. Todas essas vagas são para operadores de produção.

O processo seletivo se inicia no dia 24 de fevereiro e os interessados terão até o dia 27 para comparecer ao Sine da cidade. A previsão da empresa é a de chegar ao final de 2015 com 20% ou 25% da produção local exportada.

A unidade de Uberaba é a única da empresa na América Latina e, com a valorização do dólar em relação ao real, a expectativa é a de resgatar a competitividade dos itens produzidos e retomar a exportação para os países vizinhos.

A empresa também fará investimentos da ordem de US$ 4 milhões e planeja ampliações para enfrentar as dificuldades de exportação e a concorrência do mercado interno, sendo uma delas o incremento da produção de ferramentas da marca Dewalt a partir do mês de abril.

Desde o início do ano, das vagas colocadas em aberto na cidade, o Sine recebeu o retorno da efetivação de 224 contratações só em janeiro. Alguns dados ainda estão sendo computados e outros fazem parte da estatística de fevereiro, que ainda não foi contabilizada. Em 2014, no mesmo período do ano, foram registradas 83 contratações por meio do Sine.

“Estamos vivendo um momento de grande desenvolvimento em Uberaba e o Sine tem ajudado e auxiliado da melhor forma possível, tanto que todas as novas empresas na cidade estão colocando suas vagas e recebendo todo o apoio na contratação do pessoal”, disse a coordenadora do Sine, Vanessa Saud.

O economista da Fiemg, Paulo Casaca, ainda chama atenção para Uberaba e a região do Triângulo, que receberá uma fábrica de amônia da Petrobras, que será mais uma grande indústria geradora de empregos. Serão investidos nessa planta US$ 1,3 bilhão. A operação é prevista para 2017.

“Esse empreendimento vai exigir a construção de um gasoduto, com potencial para impulsionar as empresas já existentes na região com o fornecimento de gás natural e ainda tornar mais atrativo os municípios por onde passar”, diz. O uso do gás natural na indústria gera redução de custos, daí o ganho de competitividade para o parque industrial.

Redação do Jornal Nova Imprensa Hoje em Dia

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Sobre o autor

André Ribeiro

Designer do portal Últimas Notícias, especializado em ricas experiências de interação para a web. Tecnófilo por natureza e apaixonado por design gráfico. É graduado em Bacharelado em Sistemas de Informação pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.