Quase meio milhão de reais. Foi esse o custo que um empresário da construção civil de São Paulo bancou para levar a família para tomar a vacina contra a Covid-19 nos Estados Unidos.

O valor da jornada dos sete adultos e duas crianças – que incluiu 15 dias no México para cumprir quarentena imposta pelas autoridades americanas – seria o suficiente para comprar 45 mil doses de Coronavac, o imunizante mais usado no Brasil até agora.

Aos 60 anos, ele é o patriarca de uma família que qualifica como “unida e conservadora”. Ele, a mulher, de 57, as três filhas do casal, com idades entre 24 e 35 anos de idade, e dois genros embarcaram para o México em meados de abril, pouco antes que o país batesse a marca de 400 mil mortos na pandemia. “Vários amigos nos EUA e o gerente do banco me alertaram que eu conseguiria tomar as doses lá e já estávamos ficando loucos trancados em casa”, disse. Ele relata ter cumprido quarentena rigorosa, em uma casa de campo, por mais de um ano.


Ele tem comorbidades: além de problemas cardíacos, é obeso. E via no novo coronavírus uma ameaça grave, especialmente “depois que um amigo de 48 anos, semi-atleta e sem problemas de saúde, faleceu de Covid”. E embora sua vez na fila não estivesse distante no calendário vacinal do governo federal, ele não queria deixar o restante da família para trás – para a filha de 24, por exemplo, não há nem previsão de imunização no país.

“Meu pai foi claro em dizer que queria que todos tivessem a vacina. Não fazia sentido uma parte da família estar protegida e a outra não. Por isso todo mundo tinha que ir junto. E dinheiro não era uma questão, então depois que ele propôs, embarcamos em apenas quatro dias”, disse a filha. Todos receberam a vacina de dose única da Janssen em Orlando, na Flórida. “Quando chegamos aos EUA, nem deixamos as malas na casa em que ficaríamos, fomos direto para o posto de vacinação”, completa a filha.

O empresário endossa o comentário da filha. Chega a mencionar um sonho premonitório de que um dos sete integrantes do clã se contaminava. “Eu tinha o dinheiro e me culparia eternamente se algo acontecesse com minha família porque não os levei para tomar a vacina”, diz.

Fonte: Hoje em Dia

COMPATILHAR: