Ocorreram nove mortes em uma operação policial, na madrugada do dia 1º deste mês, em um baile funk, em Paraisópolis, São Paulo/SP.

Imagens e relatos mostram pessoas encurraladas pela polícia em vielas estreitas.

A Polícia Militar de São Paulo informou ter ocorrido perseguição a dois indivíduos, em uma moto, quando houve troca de tiros. Por sua vez, as pessoas dizem não ter ocorrido perseguição, a polícia chegou e passou a jogar gás lacrimogêneo, atirar e bater em quem se aproximasse. Enfim, as pessoas entraram em pânico.

A Polícia abriu inquérito para apurar o caso e os policiais envolvidos foram afastados da rua.

Especialistas em segurança pública consideram não ter os policiais seguido os protocolos para grandes eventos.

O deputado federal, Marcelo Ramos, do PL, do Amazonas, em discurso na Câmara Federal, na segunda-feira (2), disse: “…vejam o que acabou de acontecer em São Paulo, como é que pode uma polícia ir para cima de cinco mil civis para pegar dois bandidos e ao final os dois bandidos saírem livres e nove inocentes saírem mortos, pisoteados. Agora imaginem isso com autorização legal para agir. A boa polícia não quer isso. A boa polícia não precisa de excludente de ilicitude. A boa polícia age com inteligência”.

A excludente de ilicitude é uma proposta de Sérgio Moro, onde para esses casos os policiais seriam inocentados e nem teria investigação.

Essas tragédias não ocorrem somente em morros, favelas, bailes funks, e, se os policiais puderem perseguir criminosos no meio de multidão, ocorrerão novas tragédias. Algumas pessoas justificam ser a ocorrência em um baile funk, em um morro, com a presença de muitos criminosos, mas esquecem ser Paraisópolis uma comunidade ordeira e a maioria não é criminosa.

Imagine a mesma cena ocorrendo em um show de rock, com pessoas da classe média e alta. Caso dois criminosos invadissem a multidão a polícia enfrentaria a multidão, atiraria, encurralaria as pessoas? É lógico que não. Foi feito isso em Paraisópolis por ser uma região de pobres e negros. Agora, pobres e negros nem sempre são criminosos, merecem dignidade de tratamento e, se temos um alto índice de criminalidade entre eles, é por diversos fatores sociais e econômicos, como pouca renda, falta de acesso à educação, falta de oportunidade, etc.

Agora imagine, hipoteticamente, se naquele show de rock morrem 9 pessoas em uma operação policial desastrosa. A repercussão seria imediata, com policiais presos e até pedido de impeachment do governador.

No caso de Paraisópolis, as autoridades, por empatia, deveriam lamentar as mortes, reconhecer erros na operação, para não termos no futuro novas tragédias. Até agora não tivemos lamento e nem prisões.

A Polícia de São Paulo é considerada preparada e é referência para os outros estados. Por isso mesmo, deve apresentar uma política de segurança digna para essas comunidades, com abordagem correta e com planejamento.

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