Desde a crise de 2009, Minas Gerais não tinha um desempenho tão fraco no PIB. De janeiro a setembro, a economia mineira acumulou um tímido crescimento de 0,2%, em relação ao mesmo período de 2012. No ano passado, nessa mesma época, o Estado acumulava aumento de 2,7%. O ano já começou com o ritmo lento, com crescimento de 1,3% no primeiro trimestre, que caiu para 0,7% no segundo. A culpa é do café e das chuvas. ?O café teve um ano muito complicado e ele, sozinho, responde por cerca de 1,5% de todo o PIB de Minas. Já a falta de chuvas esvaziou os reservatórios no começo do ano, diminuindo a produção de energia das hidrelétricas e foi preciso gastar mais com as termoelétricas. Deixamos de ser exportador e passamos a ser importador de energia?, explica o pesquisador Raimundo de Sousa, responsável pelo levantamento da Fundação João Pinheiro (FJP).
O governador Antonio Anastasia não ficou muito animado com o resultado do PIB mineiro e atribuiu o resultado ao fraco desempenho do café, que puxou para baixo o setor de agronegócio. Perguntado sobre a expectativa de crescimento para o 2013 inteiro, disse que as expectativas não são boas. ?Eu acredito que, neste ano, não teremos um PIB bom. Não vai crescer o que nós gostaríamos. Temos hoje no Brasil uma situação de falta de confiança, diminuição de investimentos, dificuldades para grandes investimentos públicos, principalmente nas obras federais no Estado. Temos a lentidão em relação à BR-381 e ao metrô. Tudo atrapalha?.
Ele lamenta o fraco investimento no Estado. ?Investimento gera movimentação econômica e gera melhoria no PIB. Então isso tudo (incluindo o problema com o café) acabou influenciando um ano que no ponto de vista econômico não foi positivo. Esse é um dado da realidade. Esperamos que no ano que vem tenha uma reação?, completou.
Analisando o terceiro trimestre isoladamente, o PIB mineiro cresceu 0,3%, enquanto o do Brasil recuou 0,5%. O maior impacto foi o da agropecuária, que teve queda de 0,6%. ?Neste setor, dois terços vêm da agricultura e, dessa fatia, o café tem um peso de 35%. Como ele teve um ano ruim, o impacto foi muito grande?, justifica Sousa.
Para o quarto trimestre, Sousa não arrisca uma estimativa. Mas adianta que é muito pouco provável que o resultado seja pior do que o do terceiro trimestre. ?Pelos dados que a FJP já tem, do mês de outubro, percebemos uma recuperação industrial. Se não houver nenhuma surpresa, o quarto trimestre será mais positivo?, destaca Sousa.
Ao contrário da agropecuária, a indústria mineira subiu 0,5% e o setor de serviços teve uma aceleração de 0,3%, no terceiro trimestre. No primeiro caso, o resultado é explicado pela recuperação na geração de energia nas hidrelétricas de Furnas, que estavam com graves problemas de redução nos reservatórios de água desde o começo do ano. Mas, entre julho e setembro, o setor expandiu 6,1% em relação ao trimestre anterior.
Enquanto Minas Gerais acumula no ano um aumento de 0,2% no PIB, o Brasil tem um crescimento de 2,4%. ?Sem dúvidas tem a ver com a atividade econômica de Minas, onde o café tem um peso muito grande?, ressalta Sousa.
Renda
Distribuição
Em 2011, o PIB per capita (PIB dividido pela população) de Minas Gerais foi de R$ 19.573. Dos 853 municípios, 125 ficaram acima dessa média. Em BH, foi R$ 23.053.
BH é a 5º mais rica do Brasil e petróleo faz Betim cair na lista
O IBGE divulgou na terça-feira (17) a participação dos municípios no PIB brasileiro em 2011. Apenas 55 cidades concentram 50% da riqueza nacional. São Paulo é a primeira com 11,5%, seguido por Rio de Janeiro (5,1%). Belo Horizonte aparece apenas na quinta posição, após Brasília e Curitiba, com 1,3% de participação no PIB.
Betim aparece entre os 40 maiores PIBs do país, com fatia de 0,7%, mas perdeu participação, devido ao aumento no custo do refino de petróleo. A cidade é sede da Refinaria Gabriel Passos (Regap). O mesmo motivo impactou o município de Duque de Caxias (RJ), que viu sua participação no PIB nacional cair 0,7% para 0,6%.
Entre os dez piores PIBs do país, não há cidades mineiras. A pior delas é Miguel Leão (PI), que produziu apenas R$ 9.7 milhões em riqueza no ano de 2011. ( com agências)

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