Um novo estudo descobriu que dietas de baixo sal aumentam o risco de morte por ataque cardíaco e derrame, além de não prevenirem pressão alta. Entretanto, algumas limitações da pesquisa apontam que o debate sobre os efeitos do sal na alimentação está longe de acabar. Na verdade, oficiais do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC) ficaram tão incomodados com as possíveis falhas no estudo que chegaram a criticá-lo em uma entrevista, coisa que geralmente não fazem.
Peter Briss, diretor médico do CDC, disse que o estudo é pequeno; os participantes eram relativamente jovens, com média de 40 anos no início da análise; e que, com poucos eventos cardiovasculares, é difícil tirar conclusões. E, segundo Briss e outros pesquisadores, o estudo nada contra uma grande maré de evidências que indicam que o consumo de uma grande quantidade de sódio pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares. No momento, esse estudo precisa ser visto com um pouco de cautela, disse o médico.
O estudo foi publicado na edição da última semana da Revista da Associação Médica Norte-Americana. A pesquisa envolveu apenas quem não tinha pressão alta no início do estudo, foi considerada sugestiva e não conclusiva.Por meio de observação clínica, foram acompanhados durante 7,9 anos, em média, 3.681 europeus de meia-idade que não tinham pressão sanguínea alta ou doença cardiovascular.
Os pesquisadores avaliaram o consumo de sódio dos voluntários no início do estudo e em sua conclusão ao medirem a quantidade de sódio expelido na urina em um período de 24 horas. Todo o sódio que é consumido é expelido na urina em um dia. Então, esse método é a forma mais precisa para se determinar o consumo de sódio.
Foram determinadas três faixas de consumo de sal. Os pesquisadores descobriram que, quanto menos sal as pessoas consumiam, mais prováveis elas eram de morrer de doença cardíaca – 50 pessoas na menor faixa de consumo de sal (2,5 g de sódio por dia) morreram durante o estudo. Na faixa do meio de consumo (3,9 g de sódio por dia), 24 pessoas morreram. E, na mais alta (6 g), apenas dez faleceram durante o período de análise. E, mesmo com os voluntários que comeram mais sal tendo em média um pequeno aumento na pressão sistólica – uma elevação de 1,71 mm na pressão para cada aumento de 2,5 g de sódio por dia -, eles não se mostraram mais prováveis de desenvolver hipertensão. Se a meta é prevenir a hipertensão com consumo menor de sódio, esse estudo mostra que não funciona,disse o autor principal, Jan A. Staessen, professor de medicina da Universidade de Leuven, na Bélgica.
Entretanto, um dos problemas do estudo, disse Briss, é que os voluntários que pareciam consumir a menor quantidade de sódio também forneciam menos urina do que aqueles que consumiam mais, um indicativo de que eles podem não ter coletado toda a sua urina em um período de 24 horas.
Briss afirma que não seria prudente tomar ações de saúde pública enquanto não houver um ensaio clínico amplo sobre o tema. Ele acrescenta que, infelizmente, seria quase impossível manter pessoas em uma dieta de baixo sal durante anos para se fazer uma avaliação mais coesa.
Sal faz mal?
O sal de mesa é também conhecido como cloreto de sódio. Sabe-se que o produto tem 40% de sódio. Segundo alguns especialistas, o problema maior é justamente o sódio.
Problema O sal notadamente faz o corpo reter mais líquido, podendo ser prejudicial aos rins. O novo estudo levanta dúvida quanto ao produto realmente provocar hipertensão e problema cardíaco.

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