O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) foi eleito nessa quarta-feira (1º) presidente do Senado e do Congresso Nacional para os próximos dois anos. Ele recebeu 61 votos e derrotou na eleição José Medeiros (PSD-MT), que recebeu 10 votos – outros 10 senadores votaram em branco.

Aliado do presidente Michel Temer, Eunício Oliveira vai suceder no cargo Renan Calheiros (PMDB-AL) e controlará um orçamento de R$ 4,2 bilhões por ano.

Considerado um “político habilidoso” pelos colegas, o parlamentar passou as últimas semanas se reunindo com lideranças partidárias em busca de apoio para sua eleição.

Ele prometeu, por exemplo, ao PSDB – segunda maior bancada da Casa (12 senadores) – a presidência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e dois assentos na Mesa Diretora: a Primeira-vice-presidência e a Quarta Secretaria.

Diante dessas negociações, o PSDB aceitou apoiar Eunício, assim como PP, PSD, PTB, DEM e PSB, entre outros.

Mesa Diretora

Após ter sido eleito presidente, Eunício abriu o processo de escolha dos demais integrantes da Mesa Diretora, que é composta, além do presidente, por dois vice-presidentes, quatro secretários e quatro suplentes dos secretários.

A composição da Mesa Diretora foi definida por articulações políticas entre os senadores. Como houve consenso e não havia mais de um candidato para cada cargo, o peemedebista abriu uma votação no painel eletrônico apenas para confirmar a chapa única. Assim, não foi necessário que os senadores se dirigissem à urna eletrônica – a chapa recebeu 75 votos a favor e 4 contra.

A Mesa Diretora será composta, além do presidente Eunício Oliveira, pelos seguintes senadores:

  • 1º Vice: Cássio Cunha Lima(PSDB-PB);
  • 2º Vice: João Alberto Souza(PMDB-MA);
  • 1º Secretário: José Pimentel(PT-CE);
  • 2º Secretário: Gladson Cameli(PP-AC);
  • 3º Secretário: Antonio Carlos Valadares(PSB-SE);
  • 4º Secretário: Zezé Perrella(PMDB-MG);
  • 1º suplente: Eduardo Amorim(PSDB-SE);
  • 2º suplente: Sergio Petecão(PSD-AC);
  • 3º suplente: Davi Alcolumbre(DEM-AP);
  • 4º suplente: Cidinho Santos(PR-MT).

Discursos

Em seu primeiro discurso após ser eleito, Eunício disse ser um homem público “experimentado” e um “sertanejo forjado no enfrentamento de desafios”. Ele afirmou ainda que os interesses da nação superam os interesses e valores pessoais.

O novo presidente do Senado também defendeu o papel do Senado na superação da crise. “A nação sempre depositou expectativas muito elevadas. (…) Cabe a esta Casa colaborar o esforço de unir o país em torno de um projeto de desenvolvimento”, afirmou.

O peemedebista ainda defendeu diálogo maior do Senado com outros setores, como a sociedade civil, para “recuperar a confiança em nossas instituições”.

Pouco antes de ter sido eleito, Eunício Oliveira já havia feito um discurso na tribuna da Casa, no qual citou a crise econômica e defendeu a necessidade de o Senado aprovar as reformas propostas pelo governo Michel Temer, como a da Previdência.

“O Senado tem a obrigação de trabalhar com os demais poderes para implementar ações que coloquem o Brasil no trilho do crescimento”, disse.

Eunício afirmou, ainda, ser “hora de unir e não desunir”. Disse também que a trajetória política dele como deputado, ministro e senador o havia ensinado sobre a importância sobre “construir consenso do que apostar em dissensos.”

Eunício também defendeu a independência entre os poderes. “O equilíbrio harmônico entre os três poderes […] será perseguido por mim em todos os dias do meu mandato”, afirmou.

Atribuições

Veja abaixo algumas das atribuições do presidente do Senado:

  • É o responsável por pautar os projetos que serão votados no plenário da Casa;
  • Segundo na linha sucessória da Presidência da República (porque o país está sem vice-presidente), assume interinamente o Palácio do Planalto nas ausências do presidente Michel Temer e do presidente da Câmara;
  • Presidente do Congresso Nacional é o responsável por pautar as sessões conjuntas do Legislativo, formadas por deputados e senadores.

Desafios

Como novo presidente do Senado, Eunício Oliveira terá de enfrentar uma série de temas polêmicos ao longo dos próximos dois anos.

Entre esses projetos, estão:

  • O que endurece as punições a autoridades que cometerem abuso;
  • As reformas propostas pelo governo Temer (da Previdência Sociale trabalhista) – as duas estão em análise na Câmara, ainda não chegaram ao Senado;
  • A liberação dos jogos de azar;
  • A redução da maioridade penal;
  • E a terceirização.

Outro tema que deve ser analisado pela Casa é o conjunto de medidas de combate à corrupção proposto pelo Ministério Público.

O pacote já foi aprovado na Câmara e enviado ao Senado, mas, como os deputados desfiguraram as medidas, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux determinou que o projeto volte a ser analisado pela Câmara – o Senado já recorreu, mas ainda não há uma decisão final sobre o tema.

Também devem ser analisados pelo Senado neste ano o projeto que põe fim ao foro privilegiado no caso de crimes comuns, como roubo e corrupção e a medida provisória que estabelece uma reforma no ensino médio.

Orçamento

Cabe ao presidente do Senado, ao lado do primeiro-secretário da Casa, administrar um orçamento de R$ 4,2 bilhões ao ano.

Esses recursos são destinados à manutenção das atividades parlamentares e aos vencimentos de senadores.

O dinheiro também paga os salários dos funcionários da Casa: quase 6 mil, entre servidores comissionados e efetivos.

O orçamento deste ano do Senado é quase o dobro do valor que o prefeito de Florianópolis terá para administrar a cidade, previsto em R$ 2,3 bilhões.

(foto: reprodução G1)

 

Fonte: G1 ||

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