Juliana Cipriani /Estado de Minas

O ex-ministro da Fazenda, Antônio Palocci (PT), foi preso em São Paulo, na manhã desta segunda-feira, na 35ª fase da Operação Lava-Jato. A prisão temporária, que tem um prazo inicial de cinco dias, foi decretada pelo juiz Sérgio Moro.

O político é um dos três que tiveram a prisão temporária decretada nesta fase. A operação tem, ao todo, 45 mandados judiciais a serem cumpridos. Além de São Paulo, as ordens judiciais envolvem buscas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul.

São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Palocci, o homem forte dos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, é suspeito de relações irregulares com a empreiteira Odebrecht. Ele também foi alvo de busca e apreensão em sua casa e em seu escritório.
São três pedidos de prisão temporária, 15 de condução coercitiva e 27 de busca e apreensão. A operação, batizada de Omertà, envolve 180 policiais. O nome é uma referência à origem italiana do codinome que a construtora usava para fazer referência a Palocci (“italiano”) e também ao voto de silêncio que imperava no Grupo Odebrecht.

Corrupção

Entre os fatos apontados estão as negociações para aprovação da MP 460/2009, que trouxe benefícios fiscais para a Odebrecht. A lei aumentou o crédito junto ao BNDES para país africano com a qual a empresa tinha relações comerciais. A MP também interferiu no procedimento licitatório da Petrobras para a compra de 21 navios sonda.

Segundo a PF, esta fase da Lava-Jato apura indícios de uma relação criminosa entre Palocci e o comando da Odebtrecht. A suspeita é que o ministro tenha atuado como intermediário entre seu grupo político e a empreiteira.
São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

“Há indícios de que o ex-ministro atuou de forma direta a propiciar vantagens econômicas ao grupo empresarial nas mais diversas áreas de contratação com o Poder Público, tendo sido ele próprio e personagens de seu grupo político beneficiados com vultosos valores ilícitos”, informa a nota.

Ainda de acordo com informações da PF, outro núcleo da investigação apura pagamentos efetuados pelo chamado “setor de operações estruturadas” do Grupo Odebrecht para diversos beneficiários que estão sendo alvo de medidas de busca e condução coercitiva.

Ministro caiu duas vezes

Palocci foi ministro da Casa Civil no governo da ex-presidente Dilma Rousseff e deixou o cargo sob acusações, em 2011, de ter ampliado seu patrimônio em 20 vezes. Ele ficou pouco mais de seis meses no cargo, depois de ser um dos coordenadores da campanha da petista. Em comunicado à época, ele alegou que o alto preço de suas consultorias se devia ao fato de ter sido ministro da Fazenda.

Antes, no governo Lula, Palocci foi ministro da Fazenda. Em 2006, também renunciou do cargo ao ser alvo de denúncias de corrupção, durante o escândalo do mensalão. Na ocasião, ele caiu logo depois de o presidente da Caixa Econômica Federal dizer que tinha entregado, ilegalmente, ao ministro o extrato da conta de um caseiro que dizia ter frequentado a mansão de Palocci.

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