O número de explosões de caixas eletrônicos aumentou consideravelmente nas cidades do interior de Minas Gerais. De acordo com a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds), houve 45 explosões nos três primeiros meses do ano.

Os bandidos usam  sempre as mesmas táticas, escolhem como alvo cidades pequenas, com poucos militares e, muitas vezes, sem nem mesmo delegacia.

Eles chegam fortemente armados, num grupo numeroso e usam como tática isolar a polícia à força de bala ou contando com o medo de um confronto direto.

 

Delegado aposentado e consultor de segurança, Islande Batista, que atuou na investigação desse tipo de caso, conta que os bandidos procuram facilidades. “Uma quadrilha com 10 integrantes, com armamento superior ao da própria polícia, inibe os militares. O tempo de pedir reforço em cidade próxima ou de quem está de folga é suficiente para os criminosos fugirem. A ação é muito rápida. Depois de uma explosão, em 30 segundos eles invadem o local. Ou seja, têm a vantagem de recolher o dinheiro rápido”, afirma. “Onde há caixa, deveria ter vigilância 24 horas, mas isso não vai ocorrer, pois falta contingente e estrutura”, acrescenta.

Batista destaca que a preparação é longa e inclui plantar informantes na cidade-alvo. Integrantes da quadrilha costumam também se hospedar no município para passar uma temporada e, nesse período, fazer o levantamento da movimentação da população e da polícia. Outro facilitador é escolher cidades com rotas de fuga de fácil acesso. “Os grupos organizados têm hoje armamento mais eficaz e contundente que o da própria polícia. Mas há também amadores, que não sabem sequer onde pôr os explosivos”, afirma.

A maior parte das quadrilhas, segundo ele, são de São Paulo e, por isso, os municípios preferidos para os ataques estão próximos ao estado paulista. Há também bandidos procedentes de Goiás, que atuam no Triângulo Mineiro, além daqueles de Belo Horizonte e região metropolitana. “O crime migra muito. Na década de 1980, os ladrões assaltavam o banco diretamente. A vigilância passou as ser mais eficaz e, por isso, começaram a praticar saidinhas de banco. De dentro, observavam quem fazia saques mais vultosos. Depois, em São Paulo, começaram com a onda de explodir caixas eletrônicos, porque não há vigilância adequada. Vão sempre buscando alvo mais fácil”, destaca Islande batista. Ele fala com a experiência de quem atuou mais de três décadas na polícia: “E toda vez que há crise econômica, aumentam os crimes contra o patrimônio”.

Um dos mais recentes ataques ocorreu na madrugada de domingo (3) em Itatiaiuçu, na Grande BH. Por volta das 4h, a Polícia Militar foi avisada por telefone pela central de vigilância do banco que havia um grupo parado em frente à agência. A ligação ainda estava em andamento quando houve a explosão. “Não tivemos tempo nem para fazer a prevenção. Quando a viatura chegou, os bandidos já tinham fugido”, contou um militar, que preferiu não se identificar. Participaram da ação entre 10 e 12 homens que estavam em três carros e duas motos. No local, foram encontradas munições de diversos calibres. Os policiais acreditam que os ladrões deram tiros num momento de raiva, pois explodiram o caixa errado – o que emitia apenas folhas de cheque.

 

Fonte: Estado de Minas||http://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2016/07/05/interna_gerais,780038/explosoes-de-caixas-eletronicos-se-alastram-e-violencia-usada-assusta.shtml

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