Ex-assessores do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), entre eles Fabrício Queiroz, são alvo de mandados de buscas e apreensão na manhã desta quarta-feira (18).

Também são investigados Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (sem partido-RJ), e parentes dela que foram empregados no gabinete de Flávio.

As medidas fazem parte da investigação da suspeita de que havia a “rachadinha” – um esquema de repartição de salários – no gabinete do parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), onde ele foi deputado estadual por quatro mandatos.

O portal G1 falou com Ana Cristina às 7h57. Ela disse que não poderia falar no momento e pediu para que a reportagem ligasse mais tarde.
A assessoria de Flávio Bolsonaro informou, às 7h56, que não tinha posicionamento naquele momento.

Em nota, a defesa de Fabrício Queiroz informou ter recebido a notícia da busca “com tranquilidade e ao mesmo tempo surpresa”. “É absolutamente desnecessária, uma vez que ele sempre colaborou com as investigações, já tendo, inclusive, apresentado todos os esclarecimentos à respeito dos fatos”, disse.

Coaf cita pagamento de título bancário de R$ 1 milhão em relatório sobre Flávio Bolsonaro — Foto: Reprodução/JN

A força-tarefa obteve na Justiça, em maio, a quebra dos sigilos fiscal e bancário de 96 pessoas e empresas – incluindo Queiroz e Flávio.
A investigação foi instaurada em 31 de julho do ano passado, meses depois que o antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf, hoje Unidade de Inteligência Financeira) enviou um relatório ao MP com movimentação atípica de Queiroz num total de R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

O caso ficou parado de julho até novembro, aguardando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade do compartilhamento dessas informações sem autorização judicial.

O STF aprovou no mês passado a tese para o compartilhamento.
As medidas cautelares desta quarta atingem sobretudo ex-assessores que também tiveram quebrado pelo Tribunal de Justiça do Rio em abril. Ao todo, na ocasião, 96 pessoas e empresas foram alvo da decisão da 27ª Vara Criminal do Rio, Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau.

Durante os anos 2000, Fabrício trabalhou por mais de dez anos como segurança e motorista de Flávio Bolsonaro, o filho mais velho do presidente. Queiroz recebia da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) um salário de R$ 8.517 e acumulava rendimentos mensais de R$ 12,6 mil da Polícia Militar. Ele foi exonerado do gabinete de Flávio na Alerj em outubro de 2018.

Quem são os investigados

No Rio

• Fabrício Queiroz, ex-motorista e ex-chefe de segurança de Flávio Bolsonaro;
• Evelyn Queiroz, filha do ex-assessor;
• José Procópio Valle, ex-sogro de Bolsonaro;
• Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro;
• Francisco Diniz, primo de Ana Cristina;
• Daniela Gomes, prima de Ana Cristina;
• Juliana Vargas, prima de Ana Cristina;
• Maria José de Siqueira e Silva, tia de Ana Cristina;
• Marina Siqueira Diniz, tia de Ana Cristina.

Em Resende

Nove parentes de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Bolsonaro, que foram lotados no gabinete de Flávio entre 2003 e o ano passado:

• Guilherme dos Santos Hudson, tio de Ana Cristina;
• Ana Maria Siqueira Hudson, tia de Ana Cristina.

A reportagem tocou a campainha na casa de Guilherme e Ana Hudson, em Resende, pouco antes das 9h. Guilherme disse que, inicialmente, não tem nada a declarar.

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