A família do menino João Roberto Amorim Soares, de 3 anos, baleado na cabeça na noite de domingo (6) durante um tiroteio na Tijuca, Zona Norte do Rio, vai doar as córneas da criança. As informações foram confirmadas na noite desta segunda-feira (7) pela assessoria do Hospital Copa D?Or, onde ele estava internado.
No final da tarde, a direção do hospital confirmou a morte cerebral do menino. Os pais já haviam dado a autorização para que os órgãos fossem doados. Segundo os médicos, a bala que matou João Roberto entrou pela nuca e se alojou na parte frontal da cabeça. A equipe médica explicou que não foi possível identificar o calibre da arma que teria efetuado o disparo, pois o projétil se fragmentou durante a trajetória.
A assessoria do Copa D?Or informou, ainda, que representantes do Rio Transplante decidiram aproveitar somente as córneas após avaliarem o corpo da criança. Eles alegaram, segundo o hospital, que os outros órgãos são muito pequenos e que podem ter sido afetados logo depois de uma parada cardíaca que o menino sofreu.
As córneas de João Roberto foram retiradas no final da noite desta segunda-feira. Em seguida, o corpo ficou na capela do hospital por algumas horas e depois seguiu para o Instituto Médico Legal (IML). Segundo os familiares, ainda não há informações sobre o enterro.
A mãe do menino também foi tratada pela equipe do hospital e passa bem. Ela apresenta apenas algumas lesões nas costas, na coxa e na perna, provocadas por fragmentos metálicos.
O pai está mais descontrolado. A mãe está conseguindo lidar um pouco melhor com essa situação tão difícil para eles, contou o médico sobre o estado emocional dos pais da vítima.
Na parte da manhã, a morte cerebral já tinha sido diagnosticada em um exame inicial. Mas, por lei, uma nova análise deveria ser feita seis horas depois do primeiro diagnóstico, para confirmá-lo.
Polícia Militar divulga nota oficial
Em nota oficial, o comandante geral da Polícia Militar, Gilson Pitta Lopes, informou que durante uma reunião com comandantes de outras unidades ele reafirmou que a PM não pode abrir mão dos cuidados fundamentais em abordagem de pessoas, veículos e também no uso de armas de fogo. Segundo ele, os desvios de conduta da corporação não serão tolerados.
A Polícia Militar informou, ainda, que se solidariza com os familiares das vítimas recentes de ações policiais e afirmou, segundo a nota oficial, que os ?maus policiais responderão por seus atos?.
O crime
Segundo a Polícia Militar, o menino passava de carro com a mãe e um irmão de 9 meses na Rua General Espírito Santo Cardoso, na Tijuca, Zona Norte do Rio, quando ocorreu o confronto entre PMs e supostos criminosos.
Um dos policiais que participaram da ação contou que os suspeitos estavam sendo perseguidos a pé em direção ao Morro da Cruz, próximo à região.
O menino foi atingido por volta das 19h30 deste domingo (6). A criança foi levada para o Hospital do Andaraí, na Zona Norte, mas logo foi transferida para o Hospital Copa D´Or, na Zona Sul.
A mãe, Alessandra Amorim Soares, também foi ferida em uma das pernas e na barriga por estilhaços, mas foi medicada e não corre risco de vida. O bebê de 9 meses escapou ileso.
Os policiais militares estão presos administrativamente no 6o BPM (Tijuca), por um prazo de 72 horas. Segundo secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, os policiais estavam na Tijuca, Zona Norte do Rio, quando foi passado um rádio sobre um carro furtado na região.
Na tarde desta segunda, a polícia fez buscas nos morros vizinhos ao local do crime. Dois suspeitos foram detidos. Uma moto, armas e drogas foram apreendidas.
A patrulha teria avistado o veículo, iniciando uma perseguição. Foi quando, segundo o secretário, fizeram ?essa confusão?, efetuando os disparos contra um automóvel aparentemente diferente do que estava sendo perseguido.

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