A família de Teotônio Souza da Fonseca, de 75 anos, está passando por momentos agonizantes há mais de uma semana em Belo Horizonte. O idoso, que está com o fêmur fraturado, foi internado como se estivesse com suspeita de coronavírus, e, por isso, tem dificuldades para realizar a cirurgia para corrigir a fratura, que é considerada de emergência.

Segundo a filha, Cristiamara Giordani, de 46 anos, o pai se machucou após cair na casa de repouso em que estava, no bairro Olhos D’Água, na região do Barreiro. “Meu pai sofreu uma queda na quarta-feira, dia 7. Em decorrência disso, ele fraturou o fêmur direito, onde o ideal é fazer um procedimento cirúrgico em até 72 horas para evitar o risco de trombose ou embolia pulmonar”, disse.

Por causa do acidente, ele foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da região. “No dia 9, ele seria transferido para o Hospital Universitário São José. Mas como colocaram ele no oxigênio na quinta alegando baixa saturação, ele não poderia ser transferido haja visto que, além da fratura, ele teria uma necessidade clínica”, contou Cristiamara.

A equipe médica da UPA, então, definiu que o senhor estava com suspeita de Covid-19 e teriam o colocado em uma sala juntamente com pessoas que já estavam diagnosticadas com a doença, mesmo sem saber se ele estava com o vírus.

“No dia, a médica que assumiu o plantão, após aferir os sinais do meu pai, achou melhor retirá-lo daquela ala de Covid-19, já que ele não tinha indícios. Só que nesse meio tempo apareceu a vaga que a UPA cadastrou como tratamento de coronavírus para o Hospital Metropolitano do Barreiro”, explicou a administradora de empresas.

No entanto, neste momento, a unidade está focada na pandemia, por isso, não vem realizando todos os procedimentos cirúrgicos que não tem a ver com o coronavírus. “Achamos que ele seria transferido pela parte ortopédica e pelo possível Covid. Somente hoje (13) descobrimos que ele foi levado somente pela parte do coronavírus”, completou.

Laudo retido

Segundo a neta de Teotônio, a psicóloga Calístene Giordani, de 26 anos, os funcionários da UPA Barreiro, além de terem informado que ele só estava com sintomas de coronavírus, ainda reteram o laudo médico dele, o que dificulta uma transferência para outro hospital para ele ser submetido à cirurgia.

“A UPA não disponibilizou o prontuário do meu avô alegando que só entregaria em mãos para a curatelada, que seria a minha avó, uma idosa de 72 anos que não está vacinada. Mesmo com documentos dela e com a curatela, além uma autorização de próprio punho, não entregaram nenhum prontuário para nós”, afirmou a jovem.

Descaso

A filha do idoso reclama de descaso dos servidores, ainda mais se tratando de uma pessoa que não pode ficar sozinha. “É muito descaso. Ele é dependente de cuidado, pois tem déficit cognitivo e, além disso, seria uma uma pessoa com suspeita de Covid-19”, reclamou.

Fonte: O Tempo Online

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