O brasileiro pode ter que conviver com o racionamento de energia, situação que ocorreu em 2001, se as chuvas não colaborarem e o consumo continuar crescendo, segundo especialistas do setor. Para eles, o atual nível dos reservatórios é preocupante. Já estamos vivendo uma situação crítica, observa o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires.
Ele não descarta a possibilidade de racionamento entre o fim deste ano e o início do próximo, quando o país recebe a Copa do Mundo. Podemos reviver o que já aconteceu no passado. Claro que vai depender do desempenho das chuvas e do consumo, que está sendo incentivado pelo governo com a tarifa mais baixa. De toda forma, mesmo que não haja o racionamento, o consumidor vai pagar com juros e correção o que está acontecendo no setor energético hoje, que é a utilização das térmicas, que têm custo mais alto, fora o desestímulo aos investimentos, com a tarifa mais baixa, analisa.
O consultor de energia elétrica Rafael Herzberg ressalta que o país começou 2013 com o nível dos reservatórios mais baixo que o verificado em 2012. Era para estar praticamente cheio. No geral, o período mais crítico é no meio do ano, quando há seca. Se continuar dessa forma, a situação poderá se agravar, diz.
O nível de armazenamento dos reservatórios do subsistema Sudeste/Centro-Oeste deve chegar a 54,2% no fim de março, segundo previsão do Operador Nacional do Sistema (ONS). A projeção ainda está abaixo do ideal para o penúltimo mês do período tradicionalmente marcado por chuvas. No fim de março de 2012, esses reservatórios registravam 78,5% de armazenamento.
A situação ainda não é tranquila, diz o professor da Universidade Federal de Itajubá, Jamil Haddad.
Para Herzberg, é possível que o país não tenha geração de energia suficiente. Vivemos uma situação de desequilíbrio: tarifas mais baixas, mas energia com um custo mais alto em razão do uso das térmicas. Tal cenário não permite investimento, diz. O especialista afirma que é possível que haja racionamento, mas depende da combinação de crescimento da economia, consumo e clima.

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