Símbolo do governo tucano, idealizada pelo então governador Aécio Neves (PSDB), a Cidade Administrativa pode ser vendida. Segundo o governador Fernando Pimentel (PT), a ideia é alocar o recurso da venda em um fundo para ajudar a zerar o déficit do Estado. A declaração do petista foi dada em entrevista ao jornal Valor Econômico.

Pelas estimativas do petista, o complexo de prédios desenvolvidos por Oscar Niemeyer valeria algo em torno de R$ 2 bilhões. Os servidores não deixariam o local. O governo alugaria o espaço do comprador.

“Estamos também pensando em nos desfazer definitivamente de alguns ativos. A Cidade Administrativa [sede do governo] é uma delas. Podemos vendê-la para um fundo de pensão, por exemplo. Continuaríamos usando, pagando aluguel. Vale, por baixo, R$ 2 bilhões”, disse Pimentel na entrevista.

Pimentel nunca gostou da Cidade Administrativa. Desde que foi empossado, despacha no Palácio da Liberdade ou em outras unidades do governo, na região da Praça da Liberdade.

A Cidade Administrativa, além de ser a vitrine dos tucanos também foi elencada no rol de obras com suspeita de corrupção. O ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior, disse, em acordo de colaboração premiada, que se reuniu com Aécio para tratar de um esquema de fraude na licitação para a construção da Cidade Administrativa. O intuito foi beneficiar grandes empreiteiras. O ex-governador, hoje senador, sempre negou qualquer tipo de irregularidade na obra.

Outra aposta do governo tucano que está sob os holofotes é o aeroporto Tancredo Neves, ou Confins. Se a Pampulha voltar a receber voos de grande porte, como defende o prefeito Alexandre Kalil (PHS), Confins perderá. Neste caso, o lobby contrário pode inviabilizar a retomada do aeroporto da Pampulha. Entre as acionistas do grupo CCR (concessionária do BH Airport, que administra Confins) estão os grupos Andrade Gutierrez e Camargo Corrêa.

Vitória no STF

Pimentel deve sofrer uma derrota, mas uma vitória maior no Supremo Tribunal Federal. O julgamento de quinta-feira (2), que definiria se a Assembleia tem ou não votar pelo recebimento da denúncia contra ele no Superior Tribunal de Justiça (STJ), foi adiado para abril. Dos onze ministros, cinco já votaram pela análise do STJ, sem o aval da Casa Legislativa. Porém, defenderam que o afastamento dele do cargo não é imediato. Dentre os ministros que ainda não opinaram estão Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. O primeiro deve votar contrário a Pimentel, pelo histórico anti-petista. O segundo foi indicado por Michel Temer (PMDB) e pode acompanhar os demais ministros.

Desta forma, uma derrota (dispensa do aval da Assembleia) e uma vitória para ofuscá-la (a manutenção no cargo).

O relator do caso Pimentel no STJ, Herman Benjamin, tido como rigoroso e exigente, deve deixar o cargo em meados do segundo semestre, o que poderia retardar o desfecho do caso.

 

Fonte: Hoje em Dia ||

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